Independentemente da origem, todo governo busca a simpatia popular e a conquista da hegemonia política, inclusive aqueles oriundo de golpes militares ou parlamentares. Os oriundos de golpes, na impossibilidade de serem populares ou de construir a hegemonia pela simpatia com suas ideias e ideais, no geral, lançam mão da violência.
Acham que, por meio da violência, conseguem construir respeito e hegemonia politica. O que acabam conseguindo é construir medo, desrespeito aos direitos humanos e civis e desesperança. Algumas ditaduras conseguem construir o silêncio e a paz dos cemitérios.
No Brasil, da interinidade à efetivação do golpe, assistimos ao crescimento da violência de Estado contra os direitos dos cidadãos e cidadãs, seja violência física, psicológica ou institucional. A última semana foi prodígio em acontecimentos violentos. Os donos do golpe se sentiram à vontade para bater, humilhar, prender e ameaçar.
Assustador que esse crescimento da violência se dê acompanhado por apoio, até agora incondicional, de parte da mídia (Rede Globo, Época, Veja, Folha de S.Paulo, Estadão…) e de setores da população.
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Nos últimos dias, quando não deram apoio explicito à violência, como fez a Folha de S.Paulo, ou não noticiaram os fatos ou não os condenaram.
Há apoio de parte da população, entre os quais muitos ignorantes e idiotas, por desconhecimento da História do Brasil, e por não pensar sobre o futuro em que ele mesmo, seus filhos e netos viverão e poderão, direta ou indiretamente, ser vítimas dessa mesma violência.
Publicidade Há setores da população que apoiam porque têm ganhos políticos diretos. Esses são os fascistas. Na concepção de mundo deles, não há lugar para quem pensa diferente. Não toleram o diferente, por isso agem com violência contra quem pensa diferentemente – sem imaginar que, na próxima geração, ele poderá ter netos ou netas pedindo democracia e condenando toda e qualquer ditadura. Condenando inclusive o fascismo, como ocorre agora na vizinha Argentina.Há muitas manifestações na internet de fascistas ou idiotas apoiando a violência. Entre todas, registro a de Tatiana Pignatari, que escreveu: “Jovem que estava na manifestação perdeu a vista esquerda e foi curada do comunismo, agora só enxerga com a direita! Se foi a PM, agradeço pela conversão e pelo trabalho prestado”.
Ela fez essa postagem após tomar conhecimento de que a universitária Deborah Fabri ficou cega do olho esquerdo após agressão policial. Tatiana: conhece aquela frase “não deseje aos outros aquilo que não queres para ti”?
Os idiotas e os fascistas são cegados pela desinformação e pelo ódio. Cegos permitem e constroem a violência da qual um dia poderão vir a ser vítimas. Vítimas da própria condição de idiotas ou de fascistas.
No pronunciamento do dia 31 passado, o ocupante da Presidência da República Federativa do Brasil disse: “Meu único interesse – e que encaro como questão de honra – é entregar ao meu sucessor um país reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento. Um país que dê orgulho aos seus cidadãos”. Na esteira desse pronunciamento, a golpista Fiesp acha que “é hora de todos juntos reconstruirmos o país”. Ora, pacificação e reconstrução não se fazem no porrete, mas na democracia.
Sou obrigado a perguntar aos construtores (Rede Globo, Veja, Época, Estadão, Folha, juiz Sérgio Moro, Rodrigo Janot), direta ou indiretamente, da violência, o que farão para inibi-la e punir os violentos que agem em nome das instituições que vocês ajudaram a violentar? Janot, não cabe identificar na internet e na mídia os que estimulam e se regozijam com a violência e puni-los de acordo com a lei?
Essas perguntas são necessárias, pois enquanto havia democracia, milhões de pessoas de uniforme (verde e amarelo) da corrupta CBF foram às ruas e o governo de Dilma jamais mandou qualquer policia (estadual) militar atacar.
Alguém acha que pode dar certo um país governado só por homens brancos, moralmente questionáveis e juridicamente investigados?