Roseann Kennedy
Integrantes do Partido dos Trabalhadores estão mais uma vez envolvidos em denúncias sobre produção de dossiês por interesses políticos. A disputa pela presidência do fundo de pensão do Banco do Brasil teria resultado em um documento acusando a filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de tráfico de influência.
O que se percebe é que está implantada no País uma cultura de dossiês em período eleitoral. Seja com a elaboração de fato do documento, seja com a denúncia de arapongagem nos subterrâneos políticos.
O assunto agita a campanha presidencial. Está sendo assim agora, foi assim em 2006. Resultado: o assunto fica banalizado. Tanto é que o Ministério Público Federal, por exemplo, faz uma avaliação interna inicial de que é preciso cautela para começar uma investigação sobre o caso e mobilizar seus quadros nessa apuração.
Por enquanto, a orientação na Procuradoria Geral da República é aguardar os desdobramentos deste caso. Mas os procuradores deixam claro que isso não significa ignorar o assunto, não. Eles vão continuar acompanhando até ver se há base para abrir algum procedimento.
É o segundo caso de suposto dossiê que aparece nesta eleição. O primeiro foi aquele envolvendo denúncias de quebra de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. Chamando atenção para o risco de um cidadão ter seus dados de imposto de renda acessados a qualquer momento por alguma motivação política.
Agora, uma denúncia de fogo amigo na disputa pelo comando de um fundo de pensão com patrimônio em torno de R$ 150 bilhões. Neste caso, o que aparece é a suspeita de que a filha do ministro da Fazenda, Marina Mantega, teria usado tráfico de influência. Para mim, um ponto verdadeiramente sério a ser verificado.
Não dá para deixar pesar nenhuma suspeição de uso de influência na principal instituição de comando econômico do País – o Ministério da Fazenda. A denúncia precisa ser investigada.
No entanto, até agora, o ministério não dá nenhuma informação oficial sobre o encaminhamento dado ao caso. O Banco do Brasil, por meio da assessoria, diz que não vai se pronunciar sobre o assunto. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Sistema Financeiro diz que não cabe a ela investigação, porque atua para representar o setor em causas trabalhistas e não políticas.
E se o silêncio colar, parece que fica por isso mesmo.
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