Em um único mês, cerca de 1,8 milhão de famílias tornaram-se beneficiárias do Bolsa Família e receberão o benefício até o quinto dia útil de julho. Ao menos 1 milhão dessas famílias não recebia por nenhum outro programa federal de transferência de renda até maio. O número de famílias incluídas no principal programa do governo Lula em um único mês, a pouco mais de 90 dias da eleição presidencial, contrasta com o ritmo de crescimento do programa desde outubro de 2003, quando o benefício foi criado, revela reportagem da Folha de S. Paulo.
De acordo com matéria de Marta Salomon, até o final do primeiro ano de mandato do presidente Lula, havia 3,6 milhões de famílias beneficiadas. Nos dois anos seguintes, 2,9 milhões e 2,2 milhões de famílias foram incluídas, respectivamente: em 2004, o número aumentou para 6,5 milhões e, em 2005, passou a 8,7 milhões. Ou seja, no mês de junho, o programa cresceu o equivalente a 62% de todo o ano de 2004. Somente em um mês, ingressaram no programa 81% do número de famílias incluídas do início ao fim de 2005.
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Não há impedimento legal para que mais famílias sejam incluídas no Bolsa Família no período da campanha eleitoral, ressalta a reportagem. Dados do Ministério do Desenvolvimento Social ajudam a explicar como o governo conseguiu ultrapassar neste mês a meta fixada para o ano de 11,1 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa-Família, que paga entre R$ 15 e R$ 95 por mês.
Os números resultam, em parte, de uma mudança no critério para a inclusão no programa. Em abril, o governo aumentou de R$ 100 para R$ 120 o limite de renda mensal por pessoa das famílias que teriam acesso ao Bolsa Família.
Além disso, o governo completou a atualização dos cadastros do programa nos municípios, o que também contribuiu para o aumento do número de beneficiários. Parte deles já recebia dinheiro de outros programas de transferência de renda criados no governo Fernando Henrique Cardoso, como os 258 mil beneficiários do Auxílio Gás recém-incluídos no Bolsa Família.
O programa pagava R$ 15 a cada dois meses. Apesar do cumprimento da meta, a secretária nacional de Renda da Cidadania, Rosani Cunha, reconhece que parte das famílias com renda mensal de até R$ 120 por pessoa não recebe o benefício. “O que a gente imagina é que pessoas podem deixar o programa para que outras possam ser incluídas.”