“O pacotão tem 37 anos de tradição e é o bloco de maior expressão do carnaval de Brasília. Buscamos apoio na iniciativa privada, conseguimos recursos, parcerias, porque esse bloco não pode deixar de sair”, disse o puxador e coordenador de banda do Pacotão, o músico Tony Santos
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Segundo ele, a crise financeira enfrentada pelo governo do Distrito Federal será tema das marchinhas deste ano. “[O tema] Estará, com certeza, mas de forma sutil, porque existe a dificuldade no repasse de recursos para a saúde e para a educação e longe do Pacotão querer prioridade no recebimento de verbas”, argumentou.
Mas se o bloco se mostrou sensível à crise que afeta a saúde e a educação, por outro lado, não poupou o governador Rodrigo Rollemberg e seu antecessor, Agnelo Queiroz. “O Rollemberg é o principal alvo”, brincou Santos. Segundo ele, a música que ganhou o concurso do bloco este ano aborda, principalmente, o “desgoverno” que passa a capital do país.
“Saiu o Agnulo e entrou o Enrolaumbeque”, diz trecho do refrão da música do Pacotão.
A crítica bem-humorada tradicional do Pacotão não deixará de lado também a crise da Petrobras e o governo da presidenta Dilma Rousseff. O médico Jadir Alves, 65 anos, se inspirou na crise da estatal para compor a fantasia. Usando óculos com as lentes “tortas”, ele “homenageou” o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró.
“Aproveitei o momento para montar esse visual. O Brasil tem que sorrir legal, mesmo com os problemas”, disse ressaltou. “O Pacotão é um meio de a gente protestar com alegria”, acrescentou.
De camiseta, bermuda, tênis, uma mochila com frutas e muita disposição, a passadeira Aldenora Baia de Castro saiu cedo de casa, em Ceilândia, a 25 quilômetros do centro de Brasília, especialmente para curtir o Pacotão. “É bom demais. Sempre venho para o Pacotão. Gosto muito do bom humor do bloco. Carnaval é o momento de extravasar”, disse animada na concentração do bloco.
O carioca aposentado José Ferreira Filho, radicado em Brasília desde 1974, rechaçou a crença de que a capital do país não tem folia. “Estou com 79 anos, sou carioca da Lapa, vim para cá e sempre brinquei. Para mim, o carnaval aqui sempre foi bom”, lembrou.
Este ano, o Pacotão espera atrair mais foliões. “Nunca saímos com menos de 6 mil pessoas acompanhando o Pacotão. Este ano, como Brasília não terá desfile das escolas de samba, esperamos um número bem maior”, disse Tony Santos.