Em sua primeira entrevista exclusiva a uma TV brasileira após o impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff disse não acreditar na possibilidade de prisão de seu antecessor, o também ex-presidente Lula. Segundo ela, aprisionar o seu companheiro de partido seria um ato de “burrice” porque o transformaria em “herói”.
“Não acredito que eles cometam este absurdo, não porque sejam bons, mas acredito que também não são burros. Acho que transformará a prisão de uma pessoa visivelmente injustiçada em um herói. Acho que eles não irão querer. Acho que a estratégia é inviabilizá-lo para 2018. O golpe só se completa com isto”, declarou em entrevista ao jornalista Bob Fernandes, da TVE da Bahia. “As forças que deram o golpe têm muito interesse que ele seja julgado e condenado. Eles tiram o Lula do jogo e se livram da Lava Jato”, acrescentou.
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Confira um dos trechos da entrevista:
Dilma insistiu no discurso de que foi vítima de um golpe parlamentar. “Eles estão confessando o golpe. A última confissão foi feita pelo presidente ilegítimo e usurpador, atual no cargo, que disse o seguinte: nós fizemos o impeachment para aplicar o programa ‘Uma ponte para o futuro’”. A petista disse que a plataforma do PMDB retira direitos dos trabalhadores e não teve o aval das urnas na eleição que a reconduziu ao Planalto.
A ex-presidente contou que sua mãe, que tem idade avançada e está doente, não sabe da cassação de seu mandato. “A minha mãe está com 93 anos e agradeço a Deus e a todas forças que ela não saiba. Ela está indo para outro plano já”, declarou.
Durante a entrevista, Dilma criticou a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, revogada cinco horas depois na semana passada. Para ela, a Lava Jato ignorou a presunção da inocência de Mantega e o expôs a uma condenação antecipada e pública. “Prender o Guido Mantega é expô-lo a uma condenação que não existe, é a condenação da mídia, e a distorção que essa publicidade dá. Lamento imensamente a prisão dele dentro de um hospital. A senhora dele está lutando contra um câncer desde o final de 2013.” A ex-presidente defendeu que todos sejam investigados. “Por que prender o Mantega e deixar o Eduardo Cunha solto?”
Assassina de cachorro
Em outro trecho, Dilma disse que uma das coisas que mais a magoaram, ao longo do processo de impeachment, foi ser acusada de ter matado um cachorro.
“Tinha e teve um viés misógino, machista em relação à figura que construíram de mim. Suportei muitas coisas. Uma das coisas que fiquei extremamente magoada foi a história do cachorro. Eu nunca deixei de ter cachorro, tive a vida inteira. Eu tinha cinco cachorros, todos eles eu herdei, dois foram do ex-presidente Lula, eu os criei, o meu tinha 13 anos, e uma que eu peguei na rua, uma que eu ganhei. O meu cachorro de 14 anos era um labrador, fiz de tudo para ele não morrer, mas aí ele teve duas doenças, por isso que ele foi sacrificado. Aí virei assassina de cachorro.”