Segundo um dossiê que está colegiado há três meses, o então deputado estadual e atual senador Randolfe Rodrigues recebia esse dinheiro do governo do Estado e teria passado até recibo. Randolfe subiu à tribuna e chegou a pedir para ser investigado pelo colegiado. “Fui ameaçado há 14 anos por essa gangue e não aceito ser ameaçado de novo”, disparou o parlamentar ao presidente do Conselho de Ética.
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“Convivi com Demóstenes Torres. Não quero que surjam outros Demóstenes aqui”, rebateu João Alfredo, em referência ao senador goiano cassado no ano passado por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O parlamentar do Psol ressalta que o dossiê foi encaminhado ao procurador-geral da República, que o analisou e constatou não haver provas contra o congressista. O chefe do Ministério Público Federal, então, encaminhou a denúncia de volta ao Amapá e solicitou abertura de inquérito contra o denunciante. O senador ainda reforçou ter um laudo da policia técnica do Amapá, requisito pelo Ministério Público estadual, que afirma ter os recibos indícios de falsificação.
Para Capiberibe, a denúncia que está no dossiê é “ingênua, hilária”. “Eu nunca tinha ouvido falar alguém assinar recibo de propina”, destacou, reforçando que vai pedir o impedimento de João Alfredo. “O presidente do Conselho de Ética, em 2005, partiu para me agredir fisicamente”, afirmou Capiberibe, lembrando do episódio na época em que teve o mandato cassado.
Documento
PublicidadeJoão Alberto rebateu qualquer acusação de perseguição. Ressaltando ter um laudo de um perito contratado pela acusação, o maranhense explicou que o documento comprova autenticidade da assinatura de Randolfe. “Como eu posso encaminhar com as provas que eu tenho? A não ser que a advocacia do Senado me respalde. Ainda assim, vou conversar com os senadores”, destacou.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez um alerta: “Esse strip-tease, definitivamente, não faz bem ao Senado e à democracia. (…) Esse debate não faz bem ao Senado. Longe de mim qualquer movimento no sentido de investigar alguém, de esclarecer fatos e muito menos julgar”, desabafou, ressaltando o “carinho e respeito” por Randolfe.
Sarney
De acordo com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o ex-presidente da República e atual senador pelo Amapá José Sarney (PMDB) “está por trás disso”. “Além da minha solidariedade, é preciso dar nome aos bois”, frisou. Sarney está internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, se recuperando de uma pneumonia. Conforme destacou o parlamentar pernambucano, o presidente do Conselho de Ética, têm “ligações profundas” e “não contraria Sarney”.
Na avaliação do senador Pedro Taques (PDT-MT), “há um cadáver podre que precisa ser sepultado ou ressuscitado”. “Isso não é digno de um Senado da República”, complementou.
Para o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), Randolfe “fez bem ao estourar a bolsa”. “Até eu tinha dúvidas por estar ouvindo o ruído e não ter explicações. Quem está na chuva é para se molhar. Quem tem honra, tem obrigação de limpá-la. Vossa Excelência está desafiando o Conselho de Ética”, ponderou.
Do outro lado, o senador Mário Couto (PSDB-PA) defendeu o presidente do Conselho de Ética. “Menos… Vamos com calma. Na hora em que eu sentir que alguém está mandando no Conselho de Ética, sou o primeiro a me levantar e nunca mais sentar naquela sala. Estamos falando de um colegiado”, rebateu. O tucano sugeriu que a Polícia Federal fizesse uma nova perícia.