“Estamos em vias de sofrer uma crise hídrica sem precedentes caso não chova em breve ou chova pouco”, afirmou a promotora de Justiça Marta Eliana de Oliveira, da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema) do Ministério Público, na quinta-feira (15). Em estado de atenção, devido à estiagem e ao aumento do consumo de água, o Distrito Federal está a um passo de atingir o estado de alerta – o que provocaria a restrição ainda maior do uso da água. Nos últimos dois dias, sete regiões do DF tiveram o abastecimento suspenso para que os níveis dos reservatórios fossem restabelecidos.
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Os dois principais reservatórios que abastecem o Distrito Federal estão com o nível perto de 40% – abaixo do esperado mesmo para o final do período de seca. Com as chuvas, o DF somente deixará o estado crítico quando dois novos sistemas de abastecimento começarem a operar: Bananal e Corumbá, o que está previsto para acontecer em 2018. O risco do racionamento foi antecipado pela Revista Congresso em Foco ainda no primeiro semestre do ano.
Para promotora Marta Eliana, “no pior dos cenários, nossos reservatórios garantem água somente até dezembro. A população precisa adotar com urgência a prática de economizar água. Não podemos fazer chover, mas podemos passar a usar a água com responsabilidade e consciência, de modo sustentável”.Confira as dicas para economizar água
De acordo com a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), o consumo de água no DF está acima do ideal. A média, até julho de 2016, foi de 175,1 litros/habitante/dia. A agência considera que 150 litros/habitante/dia seriam suficientes. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a quantidade deve ser ainda menor: de 100 a 110 litros deveriam bastar para que cada pessoa satisfaça suas necessidades durante um dia.
Para evitar a repetição das graves consequências políticas da crise hídrica em São Paulo – a maior da história do país –, o Governo do Distrito Federal (GDF) aposta em campanhas educativas e em medidas para diminuição de perdas no sistema. Segundo MP, porém, a campanha lançada pela Adasa para estimular o brasiliense a economizar água, embora boa, é tímida. “A população toda deveria estar falando sobre isso. Deveríamos estar mobilizados diante da perspectiva de ficarmos sem água. Mas não é o que se vê”, afirma a promotora.
A diferença no consumo diário por habitante entre as cidades do Distrito Federal é grande. Os dados da Adasa mostram que as regiões mais nobres da cidade têm um gasto médio diário de água maior. O Setor de Indústrias (SIA), por exemplo está em primeiro lugar com um consumo de 481 litros por dia, seguido pelos bairros mais nobres da cidade – Lago Sul e região central de Brasília (Asa Sul e Asa Norte). As cidades com menor consumo médio diário são Itapoã (121 litros), Riacho Fundo II (125 litros) e Varjão (132 litros).