Por determinação da 8ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o vídeo em que a jornalista Joice Hasselmann usa os termos “gentalha”, “anta”, “semianalfabeta”, “cretina” durante discurso da senadora Regina Sousa (PT-PI), na discussão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado, voltou ao YouTube. Na primeira instância, a senadora havia conseguido liminar para tirar o vídeo do ar.
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A senadora demonstrou ter ficado abalada com decisão e chegou a chorar na tribuna (veja vídeo abaixo) no dia em que a decisão foi tornada pública, na última terça-feira (22). No mesmo dia, Joice direcionou à senadora seu quadro “Sapatadas”, no programa “Os Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan, e voltou a se pronunciar na tarde de sexta-feira (25) a respeito do discurso de Regina, na tribuna do Senado, no início da semana.
PublicidadeNaquele dia, a senadora subiu à tribuna para falar sobre o preconceito direcionado à conterrânea Monalysa Alcântara, recém-eleita Miss Brasil, e que também sente preconceitos direcionados a ela. A senadora chorou ao falar sobre a decisão do colegiado e afirmou que a interpretação era de que o tribunal também achava que ela era “gentalha, analfabeta, anta”.
Regina afirmou que a decisão do tribunal mostra preconceito com sua aparência e modo de falar. “Não é pela questão da Regina Sousa. É a questão da mulher, da mulher negra, da mulher de cabelo ‘pixaim’… Eles não acham que eu pareço uma senadora. Isso é preconceito. Então, a Justiça brasileira tem de olhar para isso com mais carinho, com mais zelo”, disse à reportagem do Congresso em Foco na noite desta sexta-feira (25).
Diferentemente do perfil de boa parte dos colegas de Senado, Regina Sousa tem origem humilde, de trabalhadoras quebradeiras de coco do interior do Piauí. Aos 67 anos, ela exerce seu primeiro mandato como suplente de Wellington Dias, seu padrinho político e atual governador do estado. Regina é formada em Letras, com habilitação nas línguas portuguesa e francesa, foi professora e bancária.
Assista ao momento em que a senadora se emociona na tribuna:
A senadora petista recebeu apoio da colega Simone Tebet (PMDB-MS), que afirmou que os senadores se empenhariam para tirar novamente o vídeo do ar e iriam à Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Os colegas Jorge Viana (PT-AC), Paulo Paim (PT-RS) e Marta Suplicy (PMDB-SP) também manifestaram apoio à senadora durante o pronunciamento, o que foi criticado por Joice no vídeo desta sexta, que afirmou que nenhum deles sabia do que falava.
Regina, contudo, disse que recebeu muito apoio também fora do Senado, em uma “rede de solidariedade muito grande”. Ela também pondera que é preciso criar, de alguma forma, maneiras de disseminar mais tolerância entre as pessoas e diz querer aprofundar o debate abordado na comissão especial na Câmara, proposta pela deputada Keiko Ota (PSB-SP), para debater projetos de lei que promovam a cultura da paz.
“É preciso ter uma rede de pessoas do bem que queiram fazer uma campanha pela paz. Não pode ter uma ‘guerra’ entre as pessoas por causa de ideias, ideologias. Não pode ser assim, essa expressão de ódio que as pessoas carregam, faz mal até”, disse.
“Quebra de decoro”
Joice publicou um vídeo em sua página no Facebook acusando Regina de quebra de decoro e de usar a tribuna para “mentir, enganar e manipular”. A jornalista ainda afirmou que a parlamentar subiu à “ensaiando um choro forçado” para acusá-la de ter criticado a senadora por uma questão de preconceito. A senadora ainda não se pronunciou sobre a nova manifestação da jornalista.
Regina disse que não vai se pronunciar sobre o novo vídeo. “Não quero mais ver nada dessa moça. Faço questão de não ver, faz mal”, disse a senadora ao Congresso em Foco.
Entenda o caso
Durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Joice publicou um vídeo em que criticava Regina Sousa e seu discurso naquele momento. A senadora entrou com ação para retirar o vídeo do ar e ganhou liminar em primeira instância. A Google, dona do YouTube, recorreu da decisão.
“É um vídeo muito agressivo. Aquilo não é uma crítica jornalística, era para destruir a minha imagem. Ela não fez crítica, ela só me xingou”, disse a senadora.
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