A advogada Paola Daniel isentou o presidente Jair Bolsonaro e responsabilizou o presidente da Câmara, Arthur Lira, pela condenação do seu marido, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cotada para disputar a Câmara no lugar do marido, já que ele foi condenado à perda dos direitos políticos, Paola chamou Lira de “covarde”.
“Daniel Silveira não é criminoso para ter pena estipulada. Ele não cometeu crime algum e posso garantir que ele não está assustado. Está ainda mais decidido a despertar pessoas para o que poderemos enfrentar. Arthur Lira é um covarde!”, escreveu a advogada no Twitter.
Paola se refere à decisão de Lira de não pautar pedidos apresentados por aliados de Daniel Silveira para sustar a ação penal contra ele no Supremo. O próprio parlamentar lamentou a posição do presidente da Câmara ao fazer seu último discurso, horas antes do julgamento no STF.
“Talvez até o presidente Arthur Lira não tenha percebido esse equívoco muito grave contra o Legislativo, em não ter pautado a sustação da Ação Penal nº 1.044, que pararia um processo que nasce de forma irregular, inconstitucional, nasce de ofício no Supremo, e deu continuidade”, disse.
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Silveira foi condenado à perda do mandato e a oito anos e nove meses de prisão nessa quarta-feira (21), por incitar violência e ameaçar ministros do Supremo. Ele pode questionar alguns pontos da decisão, mas não o seu mérito. Só após esgotado esse recurso, ele cumprirá a pena. Ainda há dúvidas sobre como se dará sua cassação.
Apesar das críticas de Paola e Silveira, Arthur Lira foi acusado por integrantes da oposição de proteger o deputado bolsonarista, por ter segurado na gaveta por nove meses pedido do Conselho de Ética para suspender o mandato do parlamentar. O Congresso em Foco procurou a assessoria de Lira e aguarda retorno.
PublicidadeAinda no Twitter, Paola Daniel defendeu a prisão de Alexandre de Moraes, relator do processo e principal alvo de Silveira. “O fato é: Daniel Silveira não cometeu crime algum e estamos diante da prisão mais inconstitucional da história do Brasil, pois ela ocorre mediante uma constituição que não permite tal ato. O que o STF referendou é passível de prisão do Alexandre de Moraes e seu impeachment.” O ministro foi chamado de “marginal” por Silveira, na tribuna da Câmara, horas antes do julgamento.
A advogada ainda defendeu Bolsonaro, alegando que o presidente não pode ser responsabilizado pelo voto a favor da condenação de seu marido dado pelo ministro André Mendonça, indicado pelo presidente. “Em tempo, o presidente Jair Bolsonaro nada tem com o voto de André Mendonça e garanto que não deixou Daniel Silveira de lado. Temos que cobrar da Câmara e do Senado pela omissão, pela covardia, pelo desrespeito à Constituição.”
O voto de André Mendonça, escolhido por Bolsonaro para o cargo como nome “terrivelmente evangélico”, irritou apoiadores de Daniel Silveira. “Estou terrivelmente desapontado”, reagiu o deputado Pastor Marco Feliciano (PL-SP). Desde o seu voto, Mendonça virou alvo de bolsonaristas nas redes sociais. Eles esperavam que o ministro votasse pela absolvição do deputado ou pedisse o adiamento do julgamento. Também indicado por Bolsonaro, o ministro Kassio Nunes Marques foi o único a votar pela absolvição de Silveira.