O deputado Elias Vaz (PSB-GO) entrará com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuindo crime de responsabilidade. O parlamentar justifica que Guedes não compareceu à convocação na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara marcada para quarta-feira (10), não apresentou justificativa plausível e nem solicitou remarcação para nova data.
“O ministro tem que respeitar a lei e essa Casa. Não adianta usar advogado para enviar documentação, ainda mais sigilosa, na tentativa de explicar essa empresa no Caribe. Guedes tem a obrigação de vir à Câmara dar uma satisfação não só a nós, deputados, mas ao povo, que paga o salário dele”, afirma Elias Vaz.
A convocação do ministro pela comissão foi aprovada depois da publicação da Pandora Papers que revelou a existência de empresa offshore no nome de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A empresa do ministro, a Dreadnoughts International, offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe, foi fundada para salvar seus investimentos da turbulência econômica sofrida no Brasil sob o governo de Dilma Rousseff. O ministro investiu 9,55 milhões de dólares, o equivalente a 23 milhões de reais na época. Hoje, estaria na faixa de 51 milhões de reais.
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A manutenção da empresa mesmo depois que assumiu cargo no governo Bolsonaro violou o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, que proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras que sejam afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”.
Segundo informações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, a desvalorização do real na gestão de Guedes fez o ministro ganhar R$16 milhões de reais, fazendo os investimentos subirem para R$51 milhões de 2019 pra cá.
“O que ele tem a esconder, por que não vem à Câmara e se explica? Enquanto ele usou informações privilegiadas para lucrar milhões sem pagar imposto, tem brasileiro se alimentando de osso e sebo”, afirma o parlamentar.
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