Roseann Kennedy*
Podemos considerar a eleição tranquila. Depois de uma campanha e uma pré-campanha marcada por tanta hostilidade, até o momento impera o espírito democrático.
Isso deve ser motivo de orgulho para nós brasileiros. A forma como realizamos eleições, o respeito às divergências nas ruas. E o sistema de votação, claro, que sempre atrai a atenção de observadores estrangeiros.
Na corrida presidencial, não dá para saber por enquanto se haverá ou não segundo turno. Mas no Legislativo já dá para traçar alguns cenários.
Se o presidente Lula conseguir fazer Dilma Roussef sua sucessora, a base governista será maior que a atual. Não só na Câmara como no Senado.
Lula começou o primeiro mandato com apoio de 253 deputados e 31 senadores.
A expectativa é de que, se eleita, Dilma tenha apoio de mais de trezentos deputados e dois terços do Senado. Se essa expectativa traçada pelos partidos se confirmar, aí o Governo teria controle pra aprovação até de mudança constitucional.
Isso mostra, também, que numa eventual vitória oposicionista, o novo presidente terá um trabalho muito maior para recompor a base aliada. Até porque a expectativa é de que o PT saia das urnas com cerca de cem deputados.
Aí vem outro ponto a ser observado: a projeção do PMDB também é de eleger cerca de cem parlamentares na Câmara. O que significará uma medição de força política muito maior, porque terá bancadas muito semelhantes em números.
Consequentemente, se isso não for muito bem administrado pelo próximo governo, gerará uma disputa de cargos ainda maior.
Na oposição, hoje a expectativa é de que o grande nome no Senado seja o do ex-governador de Minas Aécio Neves, mas na Câmara esse nome ainda não foi apontado.
O que é dado como certo é que o DEM deve sair esmagado das urnas. Depois de ter conseguido eleger mais de cem deputados em 98, agora não deve chegar a 50.
E, sabe aquela frase: nunca antes na história deste país? Pois, então, nunca antes na história deste país uma campanha para o Legislativo foi tão cara. Quem diz isso são os próprios líderes partidários, que apostaram, no início da disputa que uma campanha vitoriosa para este ano ultrapassaria a casa dos milhões de reais. A conferir na prestação de contas.
* Roseann Kennedy é comentarista política da rádio CBN. De segunda a sexta (e, excepcionalmente, neste domingo), escreve esta coluna para o Congresso em Foco.
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