Heitor Peixoto*
Este é um texto quase interativo. E já explico o por quê.
Antes, devo dizer que nobres parlamentares deixaram a você, caro leitor e eleitor, mensagens de fim de ano. Quer ver?
1 – “desejo que (…) seja um ano essencialmente de conquistas”;
2 – “Que (…) seja um ano de muito trabalho, de muitas realizações na Câmara dos Deputados, de modo que possamos, mais à frente, colher os resultados positivos do trabalho realizado pelo Parlamento brasileiro”;
3 – “Todos nós readquirimos o senso de responsabilidade e, hoje, temos a consciência de que (…) será, sem sombra de dúvidas, o ano mais importante na vida dos brasileiros”;
4 – “o meu desejo de que (…) seja repleto de realizações, especialmente no que tange aos trabalhos que realizamos nesta Casa”;
5 – “Eu já disse que (…) poderá ser o ano dos aposentados”;
6 – “que (…) seja um ano melhor para os aposentados. Que o Governo se sensibilize para fazer, efetivamente, aquilo que vem defendendo e discutindo nos palanques. Que, na prática, isso saia realmente consolidado, ou seja, que possamos garantir aos aposentados brasileiros minimamente um pouco mais de justiça, fazendo com que ele possa ter sua correção, manter seu equilíbrio e seu poder de compra ao longo dos anos”.
Agora, caro leitor, vem a parte interativa. E ela é bem simples. Basta que você troque cada “(…)” acima pelo numeral 2010. Não, não é 2011. É 2010 mesmo. Afinal, todas essas boas intenções (e de boas intenções o Congresso está cheio) foram manifestadas por alguns de nossos representantes, ou no final de 2009, ou em fevereiro deste ano, na retomada dos trabalhos.
Conquistas, realizações, muito trabalho, resultados positivos, senso de responsabilidade… Então? Essas metas lançadas para 2010 estão devidamente batidas? A resposta é sim. Pelo menos no julgamento da maioria dos congressistas. Talvez por isso, por tanto trabalho, tantos resultados positivos e realizações, sejam merecedores dos tais 62% a mais todo mês.
A propósito, uma continha rápida: fosse um assalariado premiado com esse índice, ele passaria a receber algo em torno de R$ 826,00 mensais. É pouco? Pelo menos esse cidadão já estaria ganhando mais de 3% do que arrecadam os parlamentares (hoje o salário mínimo representa 1,90% do novo salário do Congresso. Com o aumento para R$ 540,00, o índice subirá para 2,02%).
E por falar em 62%, soa agora premonitória a fala de um nobre parlamentar do PMDB cearense, que profetizou no início do ano: “2010 será um ano muito rico”.
Diante de tudo isso (e mais um pouco), na minha cabeça começa a ganhar novos contornos uma velha expressão típica desta época do ano. Aquela que fala em “renovar os votos”. Porque reformas, reformas mesmo, vão naquela base do “não perca hoje a chance de deixar para 2011 o que você não pretende fazer nunca”.
Feliz 2011. De verdade!
*Repórter da TV Assembleia de Minas Gerais . Leia também seus textos no blog Multipolítica
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