Marcelo Medeiros*
Não, o aquecimento global não é o responsável direto pelo calor extremo que orbita a discussão sobre o novo Código Florestal Brasileiro. Tal calor é um dos reflexos da elevação de consciência de todos os setores da sociedade civil e da economia, que buscam defender seus pontos de vista em um tema infinitamente polêmico e eternamente importante. Deixemos de considerar por um minuto as formas de abordagem até agora usadas neste debate – umas mais apropriadas que outras – e falemos sobre a rica diversidade de opiniões e interesses que habita este ecossistema sócio-político-econômico-ambiental.
Certamente não encontraremos a verdade nas posições extremas da discussão. Mas este próximo passo em relação ao tratamento de nossos recursos naturais tem de ser ao mesmo tempo firme e na direção certa. Firme para evidenciar que somos sérios. Sérios, sejamos ao menos porque não nos resta tempo para negligenciar o assunto. Não nos resta tempo porque nos persegue dia e noite a inevitável demanda por comida e infra-estrutura de qualidade para alimentar duzentos milhões de brasileiros. E na direção certa, ainda que com imperfeita precisão, porque poderemos corrigir nosso rumo se assim for necessário, sem correr o risco de tomar um caminho sem volta.
Mas quais nossas chances de sucesso? O país que na primeira estrofe de seu hino destaca as margens plácidas de matas ciliares que queremos hoje proteger, e exalta os lindos campos com mais flores e os bosques que têm mais vida, precisa sim manter a paz no futuro. Mas a glória no passado infelizmente não inclui um bom resultado na convivência entre progresso e meio ambiente, com prejuízo deste último. Estamos buscando, já no limite do tempo regulamentar, reparar nossos erros. E devemos repará-los com visão estratégica de futuro sustentável, sem perder a humildade de quem busca soluções viáveis.
A primeira boa e grande notícia é que se há um só país neste mundo que reúne condições naturais, humanas, intelectuais, culturais, sociais, políticas e econômicas para aproximar-se desse equilíbrio, é o mesmo país que traz no lábaro o amarelo da riqueza-ouro, o verde da sustentabilidade, o azul-céu da própria mistura verde-amarela que lembra a riqueza hídrica que tem, e a paz que o branco ostenta estrelado. Todas essas cores diversas e emblemáticas em convivência harmônica e pacífica, como se quisessem dar uma mensagem aos que não têm esperanças de alcançar um porto seguro nessa discussão.
Enquanto isso, avança silenciosamente outra notícia promissora, uma iniciativa voluntária que pretende mostrar a nova consciência deste Brasil: nos dias 25 e 26 de Maio, o BIOSforum reunirá em São Paulo, em sua primeira edição, os governadores dos estados, ministros, representantes do legislativo, do judiciário, oficiais das forças armadas, empresários, o terceiro setor e a imprensa com o objetivo de debater o crescimento sustentável do país. O literal “fórum da vida” dá lugar ao BIOS que significa “Brasil: Investimentos em Oportunidades Sustentáveis”, sigla válida também em espanhol e inglês. O evento será transmitido ao vivo e gratuitamente para o mundo inteiro via internet, com tradução para vários idiomas. Os governadores e demais presentes participarão de paineis para discutir esse único tema: como o Brasil poderá crescer de forma sustentável, no tempo e na preservação de seus recursos naturais. O BIOSforum conta também com as presenças confirmadas do vice-presidente Michel Temer, do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão e do Ministério do Meio Ambiente da Itália, um dos países que confere peso internacional ao evento. Uma plataforma contínua de discussão do crescimento sustentável, o BIOSforum é promovido pela FENADVB (Federação Nacional das Associações dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil), entidade sem fins lucrativos que é presidida por Miguel Ignatios. Mais detalhes em www.biosforum.org .
Enfim, apesar das dificuldades no assunto de sustentabilidade, nós temos um pênalti a nosso favor e não há goleiro adversário. Só não podemos esperar 2014 para fazer este gooooooooool. É do Brasil e ninguém tira.
*Diretor presidente da Ad Vitam, empresa de assessoria e execução de projetos em gestão e desenvolvimento de negócios, e também diretor geral do BIOSforum 2011
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