Expedito Filho, de Nova York |
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George W. Bush tornou-se o décimo-quarto presidente a se reeleger na história da democracia americana. Eleito com quatro milhões de votos a mais que seu adversário, John Kerry, do Partido Democrata, Bush governará um país completamente dividido. Um total de 51% votou em Bush mais pelas suas bandeiras conservadoras contra o casamento gay e o aborto do que pelo seu desempenho na economia e na luta contra o terrorismo. Outros 49% que votaram em Kerry queriam mudanças na condução da economia e na política externa americana. Para eles, casamento gay e aborto são questões para serem definidas pelos estados. Unir esses dois lados, visivelmente rachados, é o principal desafio do presidente nos próximos quatro anos. Em 2000, quando assumiu pela primeira vez, Bush prometeu unir os americanos e fracassou. Eles continuam tão divididos e desunidos quanto antes. Depois da confusão em Ohio, que suspendeu a divulgação do resultado oficial, levando a eleição americana a um impasse, o senador John Kerry reconheceu, na manhã de quarta-feira (3), a vitória de seu adversário. Ele ligou para Bush, cumprimentou-o pela vitória e disse que não mais insistiria na contagem dos votos em separado em Ohio. Nos cálculos de Kerry, os 250 mil votos não eram suficientes para assegurar uma vitória contra os republicanos, já que os votos estavam divididos, sendo a maior parte para os democratas e a outra para os republicanos. Publicidade
Na tarde de quarta-feira, Kerry se emocionou ao agradecer “de coração o apoio dos seus eleitores”. Olhos vidrados e voz embargada, ele procurou o tempo todo controlar a emoção. “Eu acredito que o que nós começamos não acabará aqui. Eu nunca vou esquecer vocês e nunca vou parar de brigar por vocês”, disse. Um pouco mais adiante, acrescentou: "Eu fiz o melhor para expressar a minha esperança e a minha visão de América”, disse. Logo em seguida, Bush fez o discurso de vitorioso. Disse que Kerry foi um adversário à altura e que os democratas que apoiaram o senador deveriam estar orgulhosos. Disse que vai recuperar a economia, fazer uma nova previdência social para a nova geração e resguardar os valores morais e de fé. Por fim, disse que vai governar uma América unida, com único futuro. Ele também estava confiante por ter tido uma das maiores votações da história americana. Foi um discurso contido, diferente do pronunciamento de Kerry. Publicidade
Na visão de muitos analistas, os próximos quatro anos serão decisivos para os Estados Unidos. Com um déficit monstro, uma economia que não consegue produzir empregos no ritmo que necessita a população e uma despesa bilionária com uma guerra que fugiu do controle, o país realmente terá pela frente o maior desafio de toda sua história. Para o presidente Bush também não haverá meio termo: ou inscreve seu nome na história como o homem que salvou o império sob ataque ou entra para a história como o presidente que levou a nação para a rota do desastre. |
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