Expedito Filho, de Nova York |
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Começa hoje, segunda-feira, em Nova York a Convenção do Partido Republicano. A convenção, que deve durar quatro dias, vai tornar oficial a candidatura à reeleição do presidente George W. Bush e do vice-presidente Dick Cheney. Até aí, tudo bem. Nova York foi escolhida para sediar a convenção como uma homenagem póstuma aos mortos no atentado terrorista de 11 de setembro. Seria mais um sinal de solidariedade do governo Bush com os novaiorquinos em sua cruzada anti-terror. O problema é que a cidade é tradicionalmente anti-republicana e já começa a se incomodar com o fato de ter que passar os próximos dias em estado de alerta máximo. Todas as forças policiais da cidade estarão em ação para evitar qualquer tentativa de atentado. Helicópteros sobrevoam Manhattan com holofotes durante a noite. O Madison Square Garden, palco da convenção, está tomado de policiais. Estarão nas ruas um total de 10 mil policiais durante os dois dias de convenção. Nas proximidades do Madison Square Garden estará concentrada a maior parte dessa força de policiais com cães adestrados e equipamento de alta tecnologia. Publicidade
A convenção tem deixado o novaiorquino à beira da paranóia. Nos metrôs, os funcionários e condutores de trem pedem para que se avise à polícia sobre qualquer movimentação estranha. Nos ônibus, cartazes pedem o mesmo. Dois muçulmanos foram presos e a suspeita é a de que eles iriam colocar uma bomba em um dos trens do metrô. O clima por aqui é na linha "alguma coisa está para acontecer". Ondem, domingo, a cidade reuniu em torno de 200 mil pessoas em protesto contra a política de George W. Bush . O clima foi de carnaval, mas faixas pediam o fim da era Bush e de sua economia de guerra. Publicidade
Para os republicanos, a escolha de Nova York para sediar a convenção é um desafio à tradição. Desde a segunda guerra, segundo levantamento da revista The Economist, os republicanos que chegaram à Casa Branca não ganharam em Nova York. Isso aconteceu com os dois Bushes (pai e filho) , Ronald Reagan, Gerald Ford, Richard Nixon e Dwight Eisenhower. Talvez os republicanos acabem descobrindo que a escolha de Nova York pode ter sido um erro. Até aqui, a presença deles na cidade tem gerado mais medo na população do que apoio ao suposto gesto de solidariedade. Ao fim e ao cabo, o incômodo provocado pela presença de tamanho aparato pode ter despertado inconscientemente no eleitorado a associação entre a ameaça de terror e o governo Bush. Essa sensação pode surpreender os marketeiros republicanos que acreditam que, quanto maior a ameaça de terror, mais forte seria George W Bush como candidato. Publicidade |
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