O Palácio do Planalto ordenou a terceira baixa em indicações na administração federal por parte do senador Hélio José (PMDB-DF), surpreendente voto de base governista contra a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais, na primeira grande derrota do governo em relação ao tema. A retaliação do presidente Michel Temer continuou nesta quinta-feira (22), com a demissão da superintendente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Distrito Federal, Aline Rezende Peixoto. Aline foi indicada no ano passado pelo agora ex-aliado do governo, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff (leia mais abaixo).
Como este site mostrou ontem (quarta, 21), dois apadrinhados por Hélio José foram demitidos como retaliação à postura do parlamentar, que ontem acusou a gestão Temer de corrupção e balcão de negócios. “Votei de cabeça erguida favorável aos trabalhadores ontem, impondo uma derrota a este projeto ridículo que está sendo colocado. Hoje a gente vê um governo totalmente atacado de corrupção por todos os lados tomando este tipo de atitude, de transformar o governo em um balcão de negócios e de retaliação às pessoas que, inclusive, são da base aliada e que votam de forma correta com o povo brasileiro – que é o pagador de imposto, o pagador do nosso salário”, vociferou o peemedebista.
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O senador diz que, nos últimos dias, tem se sentido ameaçado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), em relação à pauta patrocinada por Temer no Congresso. Por outro lado, admitiu que o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), influenciou em sua decisão de votar contra o governo na reforma trabalhista. Nos últimos meses, Renan e Jucá têm protagonizado uma queda de braço à parte no Congresso, em um contexto em que o senador alagoano, declaradamente contrário às reformas estruturais do governo, tem atrapalhado os planos de Jucá, principal fiador das propostas do presidente, no âmbito da base de sustentação.
“Melancia”
PublicidadeAs exonerações de indicados por Hélio José já haviam atingido Vicente Ferreira, agora ex-diretor de Planejamento da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), e Francisco Nilo, da Superintendência da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no Distrito Federal. As nomeações foram vistas à época, a três semanas do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, como moeda de troca para que Hélio José votasse contra a petista – e, consequentemente, beneficiasse Temer, com quem o próprio Hélio e outros senadores indecisos sobre como votar no impeachment se reuniram em jantares e outros convescotes.
Na ocasião, áudios com fala do senador a respeito das contratações ganharam o noticiário, como este site mostrou em 5 de agosto de 2016. “Isso aqui é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser aqui. A melancia que eu quiser aqui eu vou botar”, afirmou o senador, diante da revolta de servidores da SPU em torno da indicação de Francisco Nilo para a superintendência do órgão.
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