Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, titular da 13ª Vara Federal em Curitiba (PR), o ex-presidente Lula rebateu acusações de seu ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o classificou como “frio e calculista” (veja no vídeo abaixo). Na última semana, também durante depoimento a Moro, Palocci disse que Lula e o PT fizeram pacto de sangue com a Odebrecht, com o objetivo de manter esquema de desvios, por meio do qual movimentaram R$ 300 milhões.
O caso em questão é o processo que investiga se a compra da sede do Instituto Lula foi operada pela Odebrecht, hipótese refutada pela defesa do ex-presidente. Segundo Lula, o ex-ministro está sob pressão e, preso há mais de um ano, mente para tentar diminuir sua pena – Palocci foi condenado por Moro a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
“Eu conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse um ser humano, seria um simulador”, disse o petista, réu em outras cinco ações penais, aprofundando a análise sobre a índole do ex-correligionário. “Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira do que a verdade. O Palocci é médico, calculista. É frio.”
A certa altura do depoimento, Lula recorreu à questão partidária para manter a estratégia de desqualificar Palocci. “Fico pensando em como está a mãe dele, que é militante e fundadora do PT. Não tenho raiva do Pallocci. Tenho pena de ter terminado uma carreira tão brilhante da forma como ele terminou”, acrescentou.
Veja a íntegra do depoimento:
Instituto Lula
Lula é réu em processo que apura pagamento de propina pela Odebrecht usada para a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento em que ele mora, em São Bernardo do Campo. A denúncia foi feita em 14 de dezembro de 2016. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), a Odebrecht teria tentado pagar propina ao petista por meio da compra de um terreno, destinado ao “Memorial da Democracia”, ligado ao Instituto Lula. A compra nunca se concretizou.
Primeira vez
Depois de cerca de cinco horas — um dos mais longos registrados entre todos os já feitos nos processos da Lava Jato —, em interrogatório conduzido por Moro em 10 de maio, o ex-presidente disse que virou réu devido a “um Power Point mentiroso” produzido pelo Ministério Público Federal – referência à exposição conduzida pelo procurador Deltan Dallagnol em 14 de setembro de 2016, quando o petista foi apontado como o “grande general” do petrolão. Acusado de ter sido beneficiado em negociações envolvendo um tríplex no Guarujá (SP), com suspeita de ocultação de patrimônio, Lula negou as acusações e disse que jamais foi dono do imóvel ou teve a intenção de comprá-lo.
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