Em delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), o publicitário e marqueteiro João Santana afirmou que foi convidado, “de forma inusitada”, a negociar valores e forma de pagamento sobre a campanha do ex-senador petista Delcídio do Amaral em uma sauna, na residência do então secretário de Infraestrutura do Governo do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. O conteúdo dos depoimentos veio a público nesta quinta-feira (11), depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo das delações de Santana e sua esposa, Monica Moura.
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Delator da Operação Lava Jato a exemplo de João Santana, Delcídio, na época, queria negociar sua campanha ao Senado, segundo o relato do marqueteiro. Na ocasião, Santana disse ter informado que “toda e qualquer negociação envolvendo forma de pagamento deveria ser feita, exclusivamente, com Mônica Moura”.
Já no primeiro encontro com Mônica, Delcídiu teria exigido que parte do pagamento fosse realizado por transferência em conta no exterior, uma vez que ele “não teria como justificar o valor pago ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral”.
A negociação rendeu ao casal R$ 4 milhões. Durante as tratativas com Mônica Moura e João Santana, Delcídio deixou claro que não contrataria o casal, caso não aceitassem receber valores no exterior, de forma não declarada. Com a aceitação da proposta, o ex-senador acertou que metade do valor (R$ 2 milhões) seria declarado e a outra metade não declarado, por meio de uma conta no exterior.
Entre o fim de outubro e o início de novembro de 2012, ao final das eleições, o pagamento foi efetuado, por meio de uma transferência de uma conta Offshore no exterior para a conta ShellBill, na Suiça, de propriedade do casal.
“Pagamentos por fora”
João Santana também afirmou que o ex-presidente Lula sabia de todos os pagamentos direcionados a ele, inclusive aqueles feitos via caixa 2 à sua empresa no exterior. Em um dos anexos do acordo de delação firmado com o Ministério Público federal (MPF), o marqueteiro afirma que apesar de nunca ter discutido preços finais ou contratos – tarefa que era de sua esposa –, “participou dos encaminhamentos iniciais e decisivos com Antonio Palocci”, encontros em que ficou claro que o ex-presidente sabia de todos os detalhes e dava a “palavra final” sobre os pagamentos dos honorários de Santana. Palocci, preso em Curitiba desde setembro, era Ministro da Fazenda àquela época.
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Santana chegou até a ameaçar parar de prestar serviços durante a campanha de Lula à reeleição por falta de pagamento. Lula então pressionou Palocci para que colocasse a “Odebrecht no circuito”. A empreiteira passou abastecer a conta de Santana no exterior com dinheiro proveniente do setor de propinas, oficialmente chamado de Departamento de Operações Estruturadas. Palocci teria dito que os pagamentos seriam feitos no exterior “para a segurança de todos”.
Metralhadora
João Santana e Mônica Moura delataram ao Ministério Público Federal (MPF) todas as tratativas de campanhas pagas por meio de caixa dois nos últimos anos. Diversas autoridades políticas, bem como os ex-presidentes Dilma Rousseff e Lula foram citados pelo casal.
O casal João Santana e Mônica Moura deixou a cadeia em agosto do ano passado. Os dois foram presos na 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro de 2016. A delação foi realizada no início deste ano. Nesta quinta-feira (11), o ministro Edson Facchin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, determinou a retirada do sigilo das delações.
Leia íntegra da delação que cita o ex-senador aqui
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