Hoje (11), no dia histórico em que os eleitores do Pará vão às urnas para decidir se querem que o estado seja dividido, uma história curiosa relacionada a um dos municípios paraenses, Santarém, é contada na edição deste domingo do jornal O Estado de S. Paulo. Trata-se de um fato que, embora remeta aos nada divertidos anos de chumbo da ditadura militar, faz referência a hilariantes personagens da antiga teledramaturgia – Moe, Larry e Curly, mais conhecidos como “Os Três Patetas”, grupo cômico norte-americano que, fiel representante da comédia pastelão, iniciou suas atividades na primeira metade do século passado e até hoje faz muita gente rir.
A história publicada pelo jornal paulista faz menção ao potencial de refúgio de municípios amazônicos a grupos de guerrilha anti-ditadura. No final da década de 1960, antecipando-se à possibilidade e à movimentação dos insurgentes, os militares transformaram Santarém em uma área de segurança nacional, com direito a interventor militar em substituição ao prefeito civil. Assim que tomou posse, Elmano Moura Melo, o preposto do militarismo, encomendou e mandou instalar na cidade um monumento que fizesse analogia às três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica), como forma de marcar o início de seu comando.
Leia também
Mas, com o perdão do trocadilho, o tiro saiu pela culatra: em manifestação de saudável desobediência, os moradores apelidaram o local da estátua como “Praça dos Três Patetas”, o que incomodou os militares a ponto de, em nome da reputação das Forças Armadas, determinar-se a retirada da “obra de arte”.
A providência foi em vão, e aconteceu aquilo que mostra o senso comum: quanto mais o apelidado se incomoda com a alcunha, mais esta fica fixada no imaginário e se perpetua. O apelido pegou e até hoje a praça, onde o pedestal que sustentava a estátua ainda resiste à ação do tempo, é chamada pelo mesmo nome daqueles que, nos idos de 60, animavam as tardes de quem tinha o privilégio de possuir aparelho de TV.
“Quem digitar ‘Praça dos Três Patetas’ no Google Maps verá se abrir na tela do computador uma imagem aérea da cidade de Santarém, no oeste do Pará. Apesar de parecer uma homenagem ao histórico trio de humoristas norte-americanos Moe, Larry e Curly, é, na verdade, um símbolo de rebeldia”, diz a introdução da matéria do Estadão, encerrada com as palavras da prefeita de Santarém, Maria do Carmo (PT), defensora do desmembramento e da criação do Estado de Tapajós, cuja capital seria exatamente Santarém.
“Esse episódio mostra que nossa população nunca aceita coisas impostas de cima”, avisa a petista, sinalizando que, independentemente da decisão do cidadão paraense, o santareno já se sente em seu estado. Mesmo sem a devida presença do Estado.
Leia mais:
Tripartição do Pará divide opiniões
Cláudio Puty: “Novos estados são insustentáveis”
Giovanni Queiroz: “Criaremos um novo pólo de desenvolvimento”