A presidenta Dilma Rousseff antecipou a troca de gentilezas protocolar da visita que fará ao colega norte-americano Barack Obama no próximo dia 22 de setembro. No ensejo do fatídico 11 de Setembro, quando há dez anos o terror fundamentalista mudaria o conceito de liberdades individuais nos Estados Unidos, Dilma enviou uma carta de solidariedade ao chefe de Estado na qual condena o “armamentismo nuclear” e defende a aproximação entre o ocidente e o mundo árabe (leia a íntegra da carta abaixo).
Neste ponto do documento, Dilma diz compartilhar do pensamento manifestado no discurso feito por Obama na cidade do Cairo, Egito, em 4 de junho de 2009, pouco depois de eleito o primeiro presidente negro dos EUA. Na ocasião, Obama propôs um “recomeço” das relações entre a potência ocidental e o mundo islâmico.
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Dilma diz que Obama pode contar com o Brasil “na construção dessa ordem internacional mais pacífica e mais justa”, e presta “solidariedade e pesar aos mais de três mil inocentes que pereceram naquela data”, quando ocorreu o maior atentado terrorista da história daquele país.
Ação e reação
Em ação cinematográfica que abalou todo o planeta, a rede terrorista Al Qaeda, comandada pelo fundamentalista árabe Osama Bin Laden, orquestrou em 11 de setembro de 2001 a colisão de aviões norte-americanos, desviados de suas rotas, contra prédios e monumentos. Um dos alvos foram as Torres Gêmeas (Word Trade Center), em Manhattan, símbolo do poderio econômico dos EUA.
Após o episódio, o então governo George W. Bush deu início a uma série de medidas de segurança que incluiam revistas mais detalhadas em aeroportos e revisão de vistos de permanência de estrangeiros, entre outras restrições. Além, é claro, da chamada “guerra ao terror” que tinha como metas principais a caçada ao líder da Al Qaeda e a destruição de células do terrorismo mundo afora. Mas Bush falhou ao menos no primeiro objetivo e, segundo relatos oficiais, os méritos couberam a Obama: Bin Laden foi morto no início de maio por tropas militares norte-americanas que invadiram sua casa no Paquistão e o fuzilaram.
Na véspera da data trágica, os setores de segurança e inteligência dos EUA promovem uma força tarefa por todo o território norte-americano, com especial atenção na capital Washington e em Nova Iorque, para fazer frente às anunciadas ameaças de ataque terrorista. Além do simbolismo do calendário, autoridades norte-americanas temem uma vingança da Al Qaeda pela morte de Bin Laden – à época da ação militar, o diretor da CIA (a famosa agência de inteligência dos EUA), Leon Panetta, declarou ser quase certo que a rede terrorista responderia com algum atentado.
Leia a carta enviada por Dilma a Obama:
“Senhor Presidente,
Em nome do povo e do governo do Brasil, expresso nossa solidariedade e pesar à nação norte-americana, no dia em que se completam dez anos dos atentados terroristas de 11 de setembro.
Creio que a maior homenagem que podemos prestar aos mais de três mil inocentes que pereceram naquela data é, tendo por inspiração a coragem exibida pelo povo dos EUA em face da tragédia, continuar a trabalhar, incessantemente, por um mundo de paz e desenvolvimento.
Nesse assunto, partilho plenamente a visão de Vossa Excelência, expressa em discurso na cidade do Cairo, de que o extremismo violento deve ser combatido em todas as suas formas, inclusive por meio da reconciliação entre o ocidente e o mundo árabe, pela eliminação do armamentismo nuclear, pela afirmação da democracia, pelo respeito à liberdade religiosa e aos direitos humanos e da mulher, pela promoção do desenvolvimento econômico e a criação de oportunidades para todos em um mundo de paz e cooperação. Conte com o Brasil na construção dessa ordem internacional mais pacífica e mais justa.
Mais alta consideração,
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”
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