Edson Sardinha
Aos 33 anos, o deputado Luiz Fernando Machado (PSDB-SP) se recorda de quando pela primeira vez passou por sua cabeça a ideia de vir para o Congresso Nacional. Filho de um engenheiro carioca e de uma comerciante mineira, o então estudante de direito não tinha ninguém na família envolvido com política até sete anos atrás.
?Brincam que sou o Luan Santana da política de Jundiaí, um meteoro da política local?, diz o deputado, em referência ao cantor sertanejo de 19 anos que virou fenômeno musical com a canção ?Meteoro?. A ascensão de Luiz Fernando foi mesmo meteórica. Em 2004, ele teve o primeiro contato com o Salão Verde ao visitar a Câmara com um grupo de estudantes, dentro das atividades do Estágio-Visita, programa institucional da Câmara.
Então um dos coordenadores do diretório acadêmico da faculdade de direito do Centro Universitário Padre Anchieta, de Jundiaí, Luiz Fernando disputou no final daquele ano seu primeiro cargo eletivo. Foi eleito vereador pelo PSDC. No ano seguinte, filiou-se ao PSDB. Em 2006, assumiu a presidência da Câmara Municipal. Já em 2007, tornou-se o mais jovem vice-prefeito da cidade de 370 mil habitantes.
?Amassei muito barro para chegar até aqui. Sei o valor de cada voto?, diz o deputado. O tucano conta que, por não ser herdeiro político, precisou de muito apoio, inclusive financeiro, da família. Mas o esforço valeu a pena, segundo ele, que brinca ao comparar sua primeira experiência na Câmara com o conforto da vida parlamentar. ?Puxa, como é difícil chegar aqui. A primeira vez que vim ao Congresso, vim de ônibus, dormi num colchão no chão da Escola de Administração Pública (Enap). Hoje moro no Blue Tree, tenho motorista para me buscar e levar no aeroporto?, compara.
Luiz Fernando diz que falta ao jovem brasileiro uma perspectiva mais clara das causas pelas quais deve lutar. Parte do problema, segundo ele, está relacionada à falta de entendimento de como a política interfere no cotidiano das pessoas. ?É preciso trabalhar com o dedo no pulso do eleitor. A política tem de surtir efeito na vida da pessoa. Senão, é tudo balela. É legítima a tradição política de algumas famílias. Alguns grupos continuam no poder porque a sociedade entende que eles atuam bem. Mas nós precisamos convencer o agente social a entrar para a vida pública?, avalia.
Em seu primeiro mandato federal, o deputado paulista ambiciona mais. ?Sonho alto. Não é à toa que escolhi esse gabinete?, afirma, do alto do oitavo andar do Anexo IV da Câmara. ?Tudo chama a atenção, especialmente a cúpula voltada para cima e o Palácio do Planalto?, diz o tucano, apontando para a sede do Senado e da Presidência da República.
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