Fábio Góis
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse hoje (30) que o Congresso está sendo alvo de injustiça por receber tantas críticas da sociedade, e que a pauta negativa em enfoque na imprensa contribui para uma “consciência pública negativa” sobre a instituição. Para o peemedebista, a atual situação do Parlamento diante da opinião pública inspira “cuidado”, por pôr em risco um dos alicerces da democracia.
“A história nos recomenda cuidado. Se fizermos uma consulta popular, talvez 80% diga que o Legislativo é desnecessário, que se pode fechá-lo”, discursou Temer, em entrevista coletiva concedida depois da reunião do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em curso em São Paulo. As informações são da Agência Estado.
Temer evitou fazer comentários sobre as sucessivas denúncias de excessos na gestão administrativa da Câmara, como uso indevido de passagens aéreas – problema constatado também no Senado – e emprego de dinheiro público para custeios privados. “Não vou adotar o hábito de condenar antes de julgar”, esquivou-se.
De acordo com matéria veiculada hoje (30) pela Folha de S.Paulo, cada parlamentar, em ambas as Casas legislativas, recebe mensalmente verba suficiente para custear uma passagem aérea por dia, de ida e volta, para o estado de origem – os recursos seriam de até R$ 33 mil, em bilhetes que podem ser repassados em nome da escolha do titular e sem necessidade de prestar contas sobre a emissão.
Além disso, segundo o jornal paulista, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) teria usado dinheiro da Câmara para pagar pelos préstimos da doméstica Izolda da Silva Lima, que trabalha em sua residência em área nobre de Brasília (leia). O deputado pediu ao suplente, Osório Adriano, para manter a doméstica em seu gabinete, ao custo de R$ 480 mensais, quando se licenciou para assumir a Secretaria de Transportes do DF – e, apesar de continuar a usufruir os serviços do lar prestados por Izolda, como ela mesma afirma, Fraga diz que ela realiza tarefas bancárias.
Segundo Temer, os gastos passarão a ser racionalizados em sua gestão. “Estamos fazendo um estudo técnico, que não há de se pautar por aquilo que se diz aqui e acolá”, reclamando do suposto desinteresse da imprensa pela pauta positiva do Parlamento.
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