Um grupo de senadores eleitos pelo discurso de renovação política está insatisfeito com o funcionamento do Senado e deve pedir mais transparência e participação nas decisões da Casa ao presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP). O grupo, que já pensa em atuar como um bloco independente, vai se reunir com Alcolumbre nesta quinta-feira (8) para apresentar suas queixas e também a lista de pautas que pretende destravar. Na agenda, temas polêmicos como a liberação de emendas em meio a votações caras ao governo, a CPI da Lava Toga e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
> Senado já prepara tramitação da reforma da Previdência
O movimento, que congrega mais de 10 senadores de cinco partidos diferentes – a maioria de primeiro mandato -, surgiu nos corredores do Congresso Nacional assim que os parlamentares voltaram do recesso. Duas reuniões já foram realizadas nesta semana para que o grupo definisse suas prioridades e os pedidos que serão apresentados nesta quinta a Alcolumbre.
Leia também
Os senadores garantem, por sua vez, que nenhum fato específico os levou a deflagrar o movimento neste momento. Eles também asseguraram que o objetivo não é fazer oposição ao presidente Alcolumbre, que está prestes a receber projetos caros ao governo, como a reforma da Previdência e a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada do Brasil nos Estados Unidos e, por isso, tem recebido acenos do presidente Jair Bolsonaro. Muitos brincaram que, por terem chegado ao Senado neste ano, estavam entendendo o funcionamento da Casa no primeiro semestre para agora intensificarem os trabalhos contra as práticas que os desagradam.
“Trata-se de um sentimento generalizado de que o desejo das urnas de renovação e mudança não está sendo atendido pelo Congresso. […] A gente defende que as palavras do palanque têm que sair do palanque para entrar no plenário e virar voto”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que faz parte do Movimento Acredito, o mesmo dos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES), e é apontado como um dos líderes desse grupo independente do Senado.
“Não queremos seguir a forma tradicional de fazer política e percebemos que precisamos nos unir para isso”, acrescentou o senador Marcos do Val (Cidadania-SE), dizendo que, os senadores de primeiro mandato poderiam formar um bloco forte e representativo caso se unissem em prol de objetivos como o de renovação política. “Elegemos o Alcolumbre pela renovação. Eu não o conhecia. Mas era uma opção para tirar o Renan Calheiros da presidência. Então, vamos pedir mais espaço e força na definição da pauta”, concluiu Marcos do Val, que quer que os novos deputados tenham mais protagonismo na definição das pautas que vão ao plenário.
PublicidadeOutros senadores, por sua vez, evitaram fazer comentários sobre a relação desse grupo com o presidente do Senado. Uma governista chegou a dizer que foi à primeira reunião porque quer destravar medidas de combate à corrupção, mas agora deve se afastar do movimento para evitar desgastes na relação com Alcolumbre. Ela explicou que há quem trate o movimento apenas como uma oposição ao presidente, que já teria se mostrado insatisfeito.
Além disso, pode contribuir para a separação desse grupo do bloco governista o fato de que uma das primeiras pautas a serem defendidas junto a Alcolumbre é a alteração da forma como as emendas são liberadas aos parlamentares durante a apreciação de matérias importantes para o governo. “Queremos que o governo torne pública e libere as emendas para todos parlamentares”, afirmou Marcos do Val, dizendo que o grupo vai entregar um documento nesse sentido a Alcolumbre para evitar “a venda de votos”.
“A gente não pode ver a negociação de emendas extra-orçamentárias em período de votação como moeda de troca e não pode ver o arquivamento eterno de pautas que desagradam o sistema ou desagradam algumas autoridades. Tem vários exemplos disso, desde o projeto de lei que nunca avança que exige o fim do foro privilegiado e está pronto para ser votado na Câmara até os pedidos de fiscalização e investigação, como é o caso de CPI’s e impeachments de ministros”, acrescentou Alessandro Vieira, que defende a CPI da Lava Toga e já apresentou um pedido de impeachment contra o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e deve colocar essas matérias na lista de pautas que o grupo quer destravar no Senado. “Não importa se vai ser aprovado ou não. Tem que ser pautado”, defendeu Vieira, dizendo que, com isso, os senadores querem mostrar de forma mais objetiva suas opiniões e seu trabalho a seus eleitores.
Para não se limitarem à pauta que será entregue nesta quinta a Alcolumbre, os senadores que estão formando este bloco independente também vão pedir mais protagonismo nas decisões do Senado. A ideia é ganhar mais espaço no colégio de líderes e na mesa da Casa para, assim, poder participar da definição das pautas que vão a plenário.
Além de Alessandro Vieira e Marcos do Val, devem participar da reunião desta quinta com Alcolumbre os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Lasier Martins (Podemos-RS), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Rodrigo Cunha (PSDB-AL), Plínio Valério (PSDB-AM), Carlos Viana (PSD-MG), Leila Barros (PSB-DF), Jorge Kajuru (S/partido-GO) e Reguffe (S/partido-DF). Apesar de não ser novato na Casa, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) também tem conversado com o grupo.
Fazem parte do movimento Acredito? Aquele movimento que só quer ferrar os trabalhadores votando a favor da reforma da previdência, tal qual fez Tábata? Eu NÃO ACREDITO nesse movimento Acredito. Estão lá para satisfazer o seu grande mentor: Jorge Paulo Leman, um dos 50 homens mais ricos do planeta!
O delegado Alessandro, chegou com um discurso moralista, dizendo que ia fazer a diferença, não demorou muito mudou de partido, pois o REDE não tinha uma boa participação no fundo.