Fábio Góis
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado aprovou há pouco uma moção de repúdio contra o cerco do Exército de Honduras à embaixada brasileira na capital Tegucigalpa, onde está abrigado desde ontem (21) o presidente deposto daquele país, Manuel Zelaya.
Mais cedo, a assessoria de imprensa da CRE adiantou a este site que haveria formalização de algum tipo de moção por parte dos senadores(leia).
Leia mais:
Embaixada do Brasil abriga Zelaya em Honduras
Exército cerca Embaixada do Brasil em Honduras
A reunião da CRE, presidida pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), contou com a presença do chefe do Departamento de América Central e Caribe no Ministério das Relações Exteriores, Gonçalo Mourão. O diplomata criticou firmemente a postura do governo golpista, e afirmou que o corte de luz à embaixada, além do cerco militar, é uma “agressão” orquestrada pelo governo hondurenho.
Para Gonçalo, o impasse em Honduras só será superado com a volta de Zelaya à presidência. “A situação se normalizando é o presidente Zelaya voltar ao poder que é dele, porque ele foi eleito pelo povo hondurenho para isso. O povo hondurenho não foi quem colocou uma metralhadora no rosto dele e, às 4h da manhã, colocou ele de pijama em uma pista de avião em um país que nem vizinho era”, disse o diplomata, referindo-se ao golpe militar que, em plena madrugada, retirou Zelaya de dentro do palácio presidencial, em junho deste ano.
Segundo Gonçalo, o abrigo de Zelaya em domínio brasileiro é sinal de “prestígio internacional” conquistado pelo país. “Se você vê duas pessoas andando pela rua – uma maltrapilha e outra bem vestida, você vai pedir um trocado naturalmente para a pessoa que está bem vestida. É isso o que está acontecendo: o Brasil está cada vez mais bem vestido”, metaforizou o diplomata, que também é poeta e ensaísta.
Durante a reunião na CRE, senadores disseram que o presidente Lula, que falou nesta manhã com o presidente deposto, teria pedido a Zelaya que não fizesse da embaixada um escritório político. Gonçalo disse que não tem informações oficiais sobre a informação. “O que não quer dizer que ele não tenha feito [o pedido]”, disse.
Depois da espécie de asilo concedido a Zelaya, o governo hondurenho – que tem apoio dos militares, da maioria no Congresso e do Judiciário – determinou toque de recolher e mantém vigilância militar permanente em torno da embaixada. Conflitos entre correligionários do presidente hondurenho e a polícia da capital Tegucigalpa já foram registrados, o que levou o governo brasileiro a exigir segurança nos arredores da embaixada.
Deixe um comentário