Renata Camargo
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, criticou nesta terça-feira (13) a “criminalização” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, Cassel disse que o governo federal não financia o movimento e voltou a condenar a ação do MST no laranjal em São Paulo.
“Acho que a gente tem que superar esse espírito de criminalização dos movimentos sociais, o que não ajuda. Sou radicalmente contra esse ambiente de criminalização. Foi grotesco e injustificável [a ação do MST no laranjal em São Paulo]. Mas não estou aqui tratando desse tema. Estou tratando sobre o tema de que o MST não é financiado pelo governo federal”, disse Cassel.
Em comissão esvaziada, o ministro rebateu os dados citados pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que apresentou levantamento da ONG Contas Abertas, que traz repasses a entidades supostamente ligadas ao movimento. Cassel afirmou que no levantamento havia “coisas que são ridículas”, como a insinuação de que a entidade Caritas seria um “braço direito do MST”.
“Tem coisas aqui que são ridículas, para dizer o mínimo. (…) Não sou contra a investigar a aplicação de recursos públicos, mas não pode ser desta forma. Temos que superar o instinto persecutório contra o MST”, declarou Cassel.
O ministro foi convidado a falar na Comissão de Agricultura para explicar sobre supostos repasses ilegais a entidades ligadas ao MST. As suspeitas têm sido colocadas como o motivo para a abertura de uma CPI para investigar contas irregulares do movimento.
Na audiência, Cassel negou que os repasses questionados pelo líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), tenham sido feitos para “entidade laranja” do MST. O ministro disse não temer a abertura de uma CPI, mas criticou a iniciativa da oposição.
“Criou-se uma CPI por conta de informações que são inverídicas. Se a gente insistir nisso, vamos continuar a alimentar com um caldo de conflitos que não serve para nada. Estamos avançando para um ambiente de desequilíbrio em que as informações não se confirmam”, disse Cassel.
Ao sair da comissão, o ministro chamou de “achismo” os dados apresentados hoje pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). De acordo com o levantamento, 48% dos assentados não produzem o suficiente para sobreviver, 75% não têm acesso aos programas de crédito e 46% compraram suas terras de maneira ilegal. “Não reconheço esses dados”, afirmou Cassel.
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