Sônia Mossri |
A acirrada briga em torno da aprovação da emenda constitucional que permite a reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo (PT-SP), antecipou a campanha eleitoral de 2006. Tanto Sarney quanto o adversário dele na disputa, Renan Calheiros (PMDB-AL), estão de olho na vaga de vice na chapa de Lula em uma provável candidatura à reeleição. A diferença é que Sarney, ex-presidente da República, não quer o posto para ele, mas para a filha, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA). Roseana é a filha preferida de Sarney, que não aceita até hoje o fato dela ter perdido a chance de concorrer às eleições presidenciais de 2002 por causa de uma operação da Polícia Federal que descobriu de dólares no escritório do marido, Jorge Murad. Publicidade
A pergunta que se faz no Congresso é a seguinte: por que Sarney, que já foi presidente da República, quer pagar o preço de ser acusado de casuísmo ao jogar pesado para buscar comandar o Senado nos dois últimos anos do governo Lula? Os amigos do cacique do Maranhão respondem por ele: ele quer ter força suficiente para dar as cartas na escolha do candidato a vice na chapa de Lula à reeleição. Leia também Publicidade
Como dificilmente haverá espaço no cenário político para que Roseana tente se sentar na cadeira de presidente no Palácio do Planalto em 2006, papai Sarney quer dar de presente à filha a vaga de vice. Amigos do presidente do Senado afirmam que Roseana deverá deixar o PFL após as eleições municipais. PublicidadeSarney, no Senado, e João Paulo, na Câmara, continuam “candidatíssimos”, apesar de seus assessores se encarregarem de espalhar entre os jornalistas a versão de que desistiram da briga pela aprovação da emenda. Sarney, com o desmentido, apenas busca evitar o desgaste provocado pela briga com Calheiros, também de olho no cargo. Ele continua apostando que, no momento adequado, acabará recebendo apoio do Palácio do Planalto. João Paulo, por sua vez, aceita pagar o mesmo ônus, de olho na candidatura petista ao governo de São Paulo em 2006. Daí ter ficado irritado com o governo ao anunciar publicamente que Lula apoiava sua recondução ao cargo, sem que isso fosse confirmado pelo Palácio do Planalto. Pelo contrário, foi praticamente desmentido. Calheiros afirma que recebeu ligação do ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, dizendo que o presidente Lula não se manifestou favorável à emenda da reeleição, como andou divulgando o presidente da Câmara. No Senado, a confusão é maior que na Câmara. Calheiros garante ter feito um acordo com o próprio Sarney para ocupar a presidência da Casa no ano que vem. Vários senadores presenciaram o acerto que Sarney insiste em negar. |