Mário Coelho
Na tentativa de evitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de irregularidades na Petrobras e na Agência Nacional do Petróleo (ANP), o presidente da companhia, Sérgio Gabrielli, afirmou que “teria consequências muito negativas” para a imagem da empresa uma investigação do Senado. Ele esteve reunido com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), na tarde desta quinta-feira, para discutir qual seria o modo de “prestar declarações” aos senadores.
Até o momento, duas seriam as hipóteses. Uma é a CPI protocolada ontem pela oposição ao governo Lula. A outra forma consiste na realização de uma audiência pública das comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Assuntos Econômicos (CAE) e Infraestrutura (CI). Sarney ainda vai conversar com membros do Senado para decidir qual rumo será tomado. A própria oposição já admite ouvir as explicações de Gabrielli antes de instalar a comissão de inquérito.
A intenção da oposição é investigar suspeitas de fraudes em licitações nas empresas e os supostos desvios de royalties de petróleo. Gabrielli disse que CPI é “um instrumento do Congresso”, mas que deveria analisar fatos concretos. “Não ter fatos concretos abre espaço para a CPI virar um ambiente de denúncias”, afirmou o presidente da Petrobras. “Uma CPI pode imobilizar uma empresa, imobilizar um cidadão.”
O discurso de Gabrielli, após a reunião com Sarney, era de tentar convencer os senadores a abandonarem a intenção de levar a CPI adiante. Quando foi questionado pela primeira vez se uma investigação formal do Senado poderia prejudicar a Petrobras, admitiu que seria negativo. Depois, disse que a empresa tem uma “imagem consolidada”. “Acho positivo [os questionamentos]. A Petrobras é reconhecida como uma empresa muito transparente”, disse.
“Nós queremos esclarecer pontos específicos. Não queremos ficar sujeitos a esclarecer milhares de questões. Isso seria criar um espetáculo midiático”, sustentou o presidente da Petrobras. Sobre as denúncias, Gabrielli negou que a empresa tenha agido de forma contrária à lei. Afirmou que as transações foram feitas legalmente, com base em uma medida provisória editada pelo governo em 1999.
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