O novo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (PMDB-PR), recebeu recursos para sua campanha eleitoral à Câmara de uma empresa para a qual fez lobby em meados do ano passado, informa a Folha de S. Paulo. De acordo com o repórter Leonardo Souza, Stephanes acionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para garantir à Supermax, fabricante de luvas de procedimento hospitalar, o direito de voltar a comercializar os seus produtos no país.
Logo após a intervenção do peemedebista, a Supermax doou R$ 115 mil para a campanha do deputado. Segundo a Folha, a Supermax acionou o paranaense depois de ser proibida pela Anvisa de vender as luvas de procedimento hospitalar. A medida foi tomada em resposta à denúncia de que a empresa importava e negociava no país material de baixa qualidade e sem o devido registro.
O diretor da empresa no Brasil, Sérgio Schemberk, confirmou que a Supermax foi ajudada, na época, por Stephanes. "Foi um dos deputados que viu a injustiça que estava acontecendo contra a Supermax, que entendeu o lobby que estava acontecendo contra a Supermax, e foi por duas ou três vezes lá na Anvisa a nosso favor".
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Por meio de sua assessoria, o novo ministro da Agricultura afirmou que fez tudo às claras e que acionou a Anvisa por meio da assessoria parlamentar do órgão.
A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara recebeu denúncia sobre a intervenção da Anvisa e aprovou uma investigação sobre a relação entre a agência e a Supermax. Segundo a Folha, o caso também foi remetido para o Tribunal de Contas da União (TCU). Em janeiro, o tribunal aprovou uma auditoria e a apuração das denúncias contra a Supermax.
Amigos
PublicidadeAlém de Reinhold Stephanes, outros três políticos do Paraná receberam recursos da Supermax. Ente eles, Reinhold Stephanes Júnior, filho do ministro, eleito deputado estadual pelo PMDB com uma ajuda de R$ 38 mil da fabricante de luvas. "O Reinhold é conhecido da família. O filho dele é amigo, ele é amigo. E, sabendo que ele é deputado e que a gente sempre ajudou ele, sempre ajuda a campanha dele, nós pedimos para ele, e ele prontamente intercedeu e quis esclarecimentos da Anvisa quanto a essas resoluções aí", justificou Schemberk.
O diretor da Supermax afirmou à Folha que nunca houve irregularidade na comercialização de suas luvas de borracha e que a empresa foi alvo de perseguição de um grupo concorrente do interior de São Paulo.
Os advogados da Supermax garantem que a Câmara não investiga a empresa, mas, sim, a Anvisa. Entretanto, a Proposta de Fiscalização e Controle 128, aprovada no final do ano passado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, traz como objetivo da investigação "verificar denúncias de irregularidades comerciais praticadas pela empresa Supermax Brasil Importadora". (Carol Ferrare)
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