Rudolfo Lago
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Foi com a bela frase acima, de autoria do escritor mineiro Guimarães Rosa, parte de sua obra-prima “Grande Sertão, Veredas”, que Dilma Rousseff encerrou seu primeiro discurso como presidenta do Brasil. Emocionada – Dilma teve que segurar o choro em um momento -, Dilma assumiu em seu discurso o compromisso de erradicar do país a pobreza extrema. “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema”, discursou ela.
Leia a íntegra do discurso de Dilma no Congresso
Vestindo um conjunto de tailleur e saia brancos, Dilma não pode, como pretendia, acenar para o povo em carro aberto na Esplanada dos Ministérios antes da posse. Pouco depois das 14h, quando ela chegou à Catedral de Brasília, chovia muito em Brasília. Dilma embarcou no Rolls Royce presidencial com a capota levantada, e foi assim que seguiu até o Congresso Nacional. Também por causa da chuva, Dilma não desembarcou em frente à rampa do Congresso, mas na Chapelaria, no subsolo coberto do prédio.
Ali, ela foi recebida pelos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e seguiu para o plenário da Câmara ao lado do vice-presidente Michel Temer. Na cerimônia de posse, presidida por Sarney, Dilma e Temer prestaram o juramento de respeitar a Constituição e as leis e foram empossados.
No discurso de posse, Dilma mostrou que dará continuidade à política de crescimento com avanços sociais promovida pelo presidente Lula ao longo dos seus oito anos de mandato. Ela, porém, reforçou compromissos com a educação e com a valorização do magistério. E com o respeito à liberdade de culto e à liberdade de imprensa. Segundo ela, quem lutou contra o arbítrio e a censura não poderia ter outra posição.
“A suavidade da seda verde e amarela da faixa é aparente, porque traz imensa responsabilidade”, disse Dilma. “Acreditar e investir na força do povo foi a maior lição do presidente Lula”, continuou. A presidenta defendeu a necessidade de reformas constitucionais, especialmente uma reforma política que reforce os partidos e uma reforma tributária que ajude a arrumar a economia brasileira. Dilma foi muito aplaudida quando fez uma homenagem ao vice-presidente José Alencar, que, internado na sua luta contra um câncer no intestino, não pode comparecer à cerimônia. “Exemplo de coragem e amor à vida”, disse Dilma, referindo-se a Alencar.
Do Congresso, Dilma seguiu para o Palácio do Planalto, onde foi recebida por Lula para a cerimônia de transmissão da faixa presidencial.
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