Renata Camargo e Eduardo Militão
Deputados que fizeram uso da cota de passagem aérea para pagar bilhetes ao exterior, conforme o Congresso em Foco divulgou nesta quarta-feira (22) (leia), justificam que as passagens foram pagas com programas de milhagem e não com recursos públicos. No entanto, alguns admitem que as taxas de embarque foram pagas com verba da Câmara.
A assessoria de imprensa do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), por exemplo, encaminhou ao site documentos que mostram gastos de pontos de programa de fidelidade de uma empresa aérea no pagamento das passagens da cunhada e da sogra. O que Maurício não justificou foram os bilhetes pagos para outros familiares em viagem para Nova York.
Entre as justificativas encaminhadas hoje ao site, após a publicação da lista, alguns deputados afirmaram ainda que desconhecem os beneficiários pelas passagens. O deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) afirma ter sido vítima de “retiradas irregulares na cota parlamentar”. Os auxiliares de Sandra Rosado também suspeitam de um esquema paralelo de venda de bilhetes, como já mostrou o Congresso em Foco.
VEJA ABAIXO AS JUSTIFICATIVAS
Affonso Camargo (PSDB-PR)
O deputado Affonso Camargo confirma ter usado a cota para que uma ex-cunhada viajasse para Miami e para que a filha voasse até Milão. “A minha ex-cunhada viajou para ficar com meu filho, que está nos Estados Unidos. Minha filha precisou viajar por causa de problemas de saúde do sogro dela, que era italiano”, justificou o deputado. Affonso Camargo nega conhecer a passageira identificada como Monique Alla, beneficiário de um bilhete emitido em sua cota para os trechos Manaus-Miami e Miami-Manaus. “Não autorizei. Nunca ouvi falar dessa mulher em minha vida”, garantiu o deputado. O paranaense disse que vai cobrar explicações da Câmara e da TAM sobre o uso de sua cota parlamentar por uma pessoa desconhecida. “Estou curioso para saber o que houve. Se saiu da minha cota, há algo errado aí”, declarou. O tucano ressaltou que a mesma passageira aparece como beneficiária da cota do deputado Fernando de Fabinho (DEM-BA). O baiano não retornou o contato feito pela reportagem semana passada, quando este site mostrou que de sua cota foi emitida uma passagem em favor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau. Eros enviou comprovante atestando que o bilhete foi pago pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Carlos Sampaio (PSDB-SP) (clique aqui)
Ciro Gomes (PSB-CE)
O deputado nega ter pago passagem aérea para a mãe, Maria José, em viagem a Nova York, em dezembro de 2007 e abril de 2008. Em nota, Ciro diz que “é mentira” que pagou passagem com verba da Câmara, pois a passagem foi paga pela mãe. Ele afirma ainda que, em dois anos e quatro meses de exercício do mandato, economizou R$ 189 mil de sua cota de passagens aéreas.
“1. É mentira que paguei passagem de minha mãe a Nova York com verba da Câmara dos Deputados; Ela viajou comigo e pagou sua própria passagem.
2. Não viajei duas vezes, como diz a matéria, apenas uma, em maio de 2008. Foi viagem oficial devidamente autorizada pela Presidência da Câmara para o encontro anual da Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos;
3. Da verba de Passagens aéreas de que dispõe meu gabinete, economizei para os cofres públicos mais de R$ 189.000,00 (cento e oitenta e nove mil reais) nos dois anos e 4 meses em que exerço o mandato de deputado.Tais recursos retornaram ao poder público, ao fim de 2007 e ao fim de 2008.
Rogo, em atenção aos seus leitores e em respeito mínimo à minha dignidade, publicar este esclarecimento com o devido destaque.
Ciro Gomes”
Cláudio Diaz (PSDB-RS)
Em nota, o parlamentar diz que estava em missão oficial:
CLÁUDIO DIAZ VIAJOU SÓ A TRABALHO
O deputado federal Cláudio Diaz (PSDB-RS) não usou a cota parlamentar pessoal de gabinete para emissão de passagens internacionais. As cinco viagens citadas foram pagas pela Câmara dos Deputados, pois Cláudio Diaz viajou em missão oficial na condição de vice-presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Em 23 de maio de 2008, por exemplo, o deputado embarcou para Bruxelas, onde representou o Parlasul numa série de reuniões com parlamentares da União Européia para discutir convênios e programas de integração entre os dois blocos.
Diaz participou de reuniões, dias 26, 27 e 28 de maio, com o presidente da Comissão do Parlamento para relações com o Mercosul e América-Latina, Sergio de Souza Pinto, copresidente da Assembléia Parlamentar Euro-Latino-Americana (Eurolat), eurodeputado José Ignácio Salafranca; diretor-geral de Relações Exteriores da Comissão Européia, Eneko Landaburu; e com o diretor-geral da Europe AID, Koos Michelle.
Darcísio Perondi (PMDB-RS)
O deputado admite que mandou a sobrinha Denise Perondi para Milão, porque, até então, a interpretação das regras permitia isso. Ela foi acompanhar uma cirurgia da mãe na Itália. “O meu irmão ajudou de um lado e eu ajudei com as passagens. Eu fiz isso porque a Câmara estava permitindo e, agora, está corrigida essa anomalia”, contou Perondi.
As viagens do chefe de gabinete dele, Frederico Borges, a Buenos Aires foram a trabalho. As viagens de Ricardo Silva e Rodrigo Soares não foram autorizadas e Perondi desconhece quem sejam os passageiros. Na quarta-feira (22), ele solicitou à Direção Geral uma investigação sobre o caso.
Devanir Ribeiro (PT-SP)
Em nota, o deputado afirma que usou o sistema de milhagens para pagar viagem de férias feita com cinco familiares. A nota não explica quem pagou as taxas de embarque – diversos parlamentares admitiram que essa parcela do voo foi paga pela Câmara. Questionada sobre o assunto, a assessoria de Devanir não enviou novo esclarecimento.
Em relação à reportagem Miami, Paris e NY são os destinos preferidos nos voos internacionais; veja a lista, publicada pelo Congresso em Foco, em 20 de abril deste ano, assinada pelos jornalistas Lúcio Lambranho, Fábio Góis e Eduardo Militão, informamos que erroneamente foi incluído Devanir Ribeiro (PT-SP) como um dos deputados federais que usaram a cota de passagem aérea paga pela Câmara dos Deputados para viajar ao exterior.
O deputado federal Devanir Ribeiro e mais cinco parentes fizeram viagem particular, nas férias, com as passagens pagas pela sua pontuação fidelidade, acumulada, inclusive, com o uso de seu cartão de crédito, e não pela cota aérea paga pela Câmara, como erroneamente o site informou. Devanir Ribeiro condena o uso do dinheiro público para fins particulares e foi injustamente acusado de o fazê-lo por esse importante veículo de comunicação.
Outros dois erros foram cometidos: foram 12 passagens (ida e volta) e não 11 (como publicado) e não ouviram o deputado federal Devanir Ribeiro.
Atenciosamente,
Devanir Ribeiro (PT-SP)
Deputado federal coordenador da bancada parlamentar de São Paulo
Duarte Nogueira (PSDB-SP)
Deputado afirma que estava em missão oficial no exterior e que, para isso, usou sua cota de passagens. Leia a íntegra da nota:
Sobre os dois bilhetes emitidos em nome do deputado Antonio Duarte Nogueira Júnior em 28 de maio de 2008 e que constam na lista de passageiros e destinos da reportagem “Maioria da Câmara usou cotas para voos ao ext
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