Eduardo Militão
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), se diz “vítima” do seu secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa Rodrigues, que denunciou esquema de corrupção na capital federal. Em nota divulgada no fim de semana, Arruda ressalta que Durval é autor de “atos que praticou nos 8 anos do governo anterior”, de Joaquim Roriz (PSC), e que lhe valeram um acordo de delação premiada.
Em nova nota, nesta segunda-feira (30), o governador destaca que o denunciante é “réu em 32 processos, todos por atos praticados no governo anterior”.
Se o governo atual sabia da gravidade destes atos, por que manteve o secretário de Relações Institucionais na administração? Foi essa a pergunta feita pelo Congresso em Foco, ainda em setembro de 2008, que a gestão de Arruda não conseguiu responder.
A assessoria do governador prometeu a resposta, mas não a enviou. O deputado distrital Milton Barbosa (PSDB), irmão de Durval, se irritou com o questionamento e negou-se a comentar o assunto na época. O então líder do governo, Leonardo Prudente (DEM), disse que a pergunta deveria ser feita ao próprio Arruda. Prudente aparece agora em um vídeo guardando no terno e nas meias dinheiro distribuído pelo então secretário de Relações Institucionais do governo distrital.
Durval indicou seu advogado para comentar o fato de, à época, responder a mais de 20 processos e já possuir uma condenação. O defensor dele disse que havia uma “questão pessoal” entre os promotores do MP e seu cliente.
Nesta segunda-feira, Arruda disse que, em 2007, na montagem do novo governo, preferiu manter Durval no cargo, apesar de seus problemas com a Justiça. O cargo, disse o governador, era “meramente burocrático”.
“Na montagem da equipe de governo, o denunciante desejou continuar na equipe de informática. Avisados de que ele respondia, como réu, a processos por condutas praticadas no governo anterior, não concordamos com a sua permanência no mesmo posto, e o mantivemos no governo, em outro setor, meramente burocrático, já que não havia ainda nenhuma condenação”
Autorização
No inquérito da Operação Caixa de Pandora, Durval diz que, assim que Roriz venceu as eleições de 2002, o então deputado federal Arruda o procurou para pedir seu apoio para a disputa seguinte, de 2006. À época, Durval presidia a Codeplan, estatal de informática que tinha contratos com empresas de tecnologia da informação.
O presidente da Codeplan disse a Arruda que dependia da autorização de Roriz para apoiá-lo. Certa vez, diz o depoimento, o deputado Arruda ligou para o governador Roriz na frente de Durval pedindo autorização para o apoio.
A partir dali, mostra o inquérito, começaram a ser feitos pagamentos à equipe de Arruda com vistas às eleições de 2006. Quando Arruda venceu a disputa daquele ano, Durval tornou-se seu secretário de Relações Institucionais.
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