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O espaço de dois anos entre as eleições municipais e as gerais facilita a vida de deputados e senadores que sonham em exercer mandatos no Executivo. Em caso de derrota, eles têm de dois a seis anos de mandato pela frente. No caso de vitória, podem encurtar a caminhada até a sede do governo estadual ou mesmo até o Senado. Na avaliação do cientista político Octaciano Nogueira, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), parte dos parlamentares se desencanta logo no início do mandato ao perceber que, ao contrário do que ocorre em seus estados, em Brasília, eles são “apenas mais um” entre os 594 congressistas. “É melhor ser cabeça de sardinha do que rabo de camarão”, brinca o professor. Deputados e senadores cobiçam nada menos do que 18 capitais. A disputa pela capital gaúcha envolverá diretamente nada menos que quatro deputados federais. Desses, três são da base governista. Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ) completam a lista de centros mais desejados pelos congressistas. Publicidade
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Em Porto Alegre, o vice-líder do governo na Câmara Beto Albuquerque (PSB) terá pela frente, entre outros adversários, o deputado Mendes Ribeiro (PMDB) e a deputada Maria do Rosário (PT), candidata a vice na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Raul Pont (PT). Se há choque entre governistas de um lado, por outro o deputado Onyx Lorenzoni (PFL) promete investir na nacionalização do debate e repetir os ataques que costuma fazer ao governo Lula. PublicidadeNaquela que promete ser uma das mais acirradas disputas do ano, Recife é o objeto de desejo dos deputados Carlos Eduardo Cadoca (PMDB), Joaquim Francisco (PTB) e Raul Jungmann (PPS). No Rio, a deputada Jandira Feghali (PCdoB) e o deputado Jorge Bittar (PT) estão na briga com o senador Marcelo Crivella (PL), numa prova de fogo para a aliança que, em Brasília, une os três partidos ao Palácio do Planalto. Para Nogueira, o debate federalizado só ocorrerá nos grandes centros do país. Mesmo nas capitais de menor porte, segundo ele, o debate deve ser pautado por problemas mais localizados. “É nos grandes municípios que as questões sociais, que são nacionais, costumam ter maior repercussão durante a campanha”, avalia. O cientista político acredita que as composições partidárias feitas em junho durante as convenções já começam a se refletir na base de sustentação do governo. “A Marta não quis ceder para o Quércia, que foi para o lado da Erundina. Isso pode complicar a vida do PT em São Paulo”, exemplifica. Para ele, o rearranjo das alianças partidárias não deve complicar as votações para o governo no Congresso, no segundo semestre. “Os deputados governistas têm maior facilidade na liberação de recursos. Os candidatos acabam se favorecendo disso e não vão querer complicar as coisas para o governo na véspera da eleição”, observa. Colaborou: Tarciso Nascimento |
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