O número de pessoas que não escolheram nenhum candidato no primeiro turno das eleições municipais de 2020, ou seja, que votaram nulo, branco ou se abstiveram, superou a quantidade de apoio do primeiro colocado em 18 capitais.
São elas: São Paulo (SP), Porto Velho (RO), Palmas (TO), Natal (RN), João Pessoa (PB), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Manaus (AM), Recife (PE), Maceió (AL), Belém (PA), Teresina (PI), Aracaju (SE) e Cuiabá (MT).
As capitais líderes em número de abstenção são Porto Alegre (33,1%), Rio de Janeiro (32,8%), Goiânia (30,7%) e Curitiba (30,2%). Os dados foram levantados pelo cientista político Ricardo de João Braga, um dos produtores do Farol Político, serviço para assinante de análise política do Congresso em Foco.
No maior colégio eleitoral do país, São Paulo, mesmo que fossem somados os votos do primeiro colocado, Bruno Covas, do PSDB (1,7 milhão), com os do segundo lugar, Guilherme Boulos, Psol (1,1 milhão), o número é menor que o de não votantes, que totalizou 3,6 milhões.
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Em Curitiba, Natal e Palmas, onde foram eleitos em primeiro turno Rafael Greca (DEM), Álvaro Dias (PSDB) e Cinthia Ribeiro (PSDB), respectivamente, o número de abstenções superou o total de votos recebido pelos prefeitos eleitos.
Greca venceu com 499.821 votos e 513.256 eleitores curitibanos não votaram em nenhum candidato. Por sua vez, Álvaro Dias foi eleito no primeiro turno em Natal com 194.764 votos e lá 216.707 eleitores não escolheram ninguém. Cinthia Ribeiro se elegeu com 46.243 votos e 52.931 eleitores deixaram de votar.
Abstenção
A pandemia do coronavírus reforçou um movimento de ausência nas votações da eleição municipal de 2020. Entre o pleito de 2016 e o deste ano, houve um aumento médio de 8,39 pontos percentuais na abstenção nas capitais estaduais. Todas as capitais tiveram aumento na abstenção.
> Com pandemia, abstenção bate recorde
As cidades que tiveram um maior aumento nas abstenções foram Florianópolis (16,4 pp.), Vitória (14,69 pp.) e Curitiba (13,74 pp.). Já as cidades com uma variação menor de aumento da abstenção foram Belém (1,76 pp.) e Cuiabá (2,1 pp.).
Vitória e Belém representam pontos fora de curva. A capital paraense, ao mesmo tempo que tem um aumento baixo na abstenção, faz parte do oitavo maior estado no ranking da In Locus de isolamento social (39,27%).
Do outro lado está a capital capixaba, que teve um grande aumento na abstenção, mas o índice de isolamento social do Espírito Santo é um dos mais baixos do país, estando na 21ª colocação (36,43%).
No geral, cidades com maior índice de isolamento tiveram maior aumento de abstenção.
O cientista político Ricardo João de Braga explica que em toda eleição há aumento da abstenção, mas que em 2020 a pandemia reforçou esse movimento.
“Não tenho dúvida que o isolamento social é importante, vi casos de pessoas que resolveram não votar porque são velhas, até não precisavam, sempre votavam, mas nessas eleições escolheram não votar”, declarou.
Ele completou: “a abstenção em geral é composta pelo desinteresse das pessoas e esse ano tem essa causa nova para aumentar o volume que é a covid.”
E não se esqueçam que há quem esteja proibido de sair de casa, justamente por terem contraído o covid-19.
É culpa da pandemia.
Pandemia de ladrões de colarinho branco.