Discursos críticos ao presidente Jair Bolsonaro, de desagravo à comunidade LGBT e de reconhecimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela recente decisão de criminalizar a homofobia marcaram as comemorações dos 50 anos do chamado “Levante de Stonewall”, em sessão realizada no plenário da Câmara nesta segunda-feira (24). Na reunião também foram homenageadas dezenas de personalidades e entidades identificadas com a defesa dos direitos de gays, lésbicas e transexuais. Entre elas, a cantora Daniela Mercury, a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e o Congresso em Foco.
O episódio lembrado pelo ato entrou para a história após a resistência de homossexuais à invasão policial ao bar Stonewall In, considerado um reduto dessa comunidade em Nova York. O motim durou duas noites e é considerado o marco histórico do movimento moderno de libertação gay e da luta pelos direitos LGBT nos Estados Unidos. E resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada na cidade americana em 1° de julho de 1970 para lembrar a revolta.
Um dos autores do requerimento para a realização da sessão solene, o deputado David Miranda (Psol-RJ) disse que a presença de milhões de pessoas nesse domingo, na primeira parada LGBT em São Paulo após o início do governo Bolsonaro, mostrou que ninguém pode calar o movimento.
“Somos o maior movimento político do mundo, e não vamos deixar de ser. Defendemos o direito de amar, de viver em plenitude”, discursou. “Cuidado, Bolsonaro. Agora não é você que vem atrás de nós. Nós é que vamos atrás de você. Somos a voz da resistência”, acrescentou, em alusão à notória oposição de Bolsonaro ao reconhecimento dos direitos de gays, lésbicas e transexuais.
Daniela e Malu
Convidadas especiais, a cantora Daniela Mercury e sua esposa, a jornalista Malu Verçosa, foram homenageadas pela visibilidade que deram ao movimento por terem reconhecido, ainda nos primeiros meses, o seu relacionamento homoafetivo e por levantarem a bandeira pela igualdade. “Nosso casamento foi um ato político”, resumiu Malu.
PublicidadeA cantora baiana disse que sua vida mudou radicalmente nos últimos anos. “Eu era casada com homens e quando me casei com Malu, perdi todos os meus direitos. Vocês entendem a inversão? Que loucura. Como as pessoas não têm seus direitos básicos contemplados? Como, dentro de uma democracia, deixamos isso acontecer?”, questionou. Malu exemplificou as dificuldades do dia a dia: “São coisas pequenas, simples, que parecem inofensivas, mas que causam um profundo constrangimento a nossa família, a nossa comunidade LGBT”.
Daniela Mercury, que levantou o público em São Paulo durante a Parada Gay, defendeu o caráter político dessas manifestações. “Não é fácil para nós, ativistas LGBTs, trabalharmos o ano inteiro, fazermos as coisas acontecerem. Precisamos de muitas rebeliões, muitos ‘Stonewalls’, esse movimento contínuo na sociedade, para que a democracia se efetive e equalize o direito de todos”, disse a cantora.
Ela também demonstrou orgulho com sua condição de lésbica. “Sou uma mulher maravilhosa, uma lésbica inteligentíssima, talentosa e de sucesso”. Para ela, a sociedade deve desculpas por ter tratado a homossexualidade como “doença”. Daniela voltou a levantar o público, dessa vez ao fazer uma pequena adaptação em uma de suas canções mais populares, “Canto da Cidade”, para incluir gays, lésbicas e trans na letra.
Criminalização da homofobia
Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis criticou a omissão histórica do Congresso para tipificar crimes de ódio praticados diretamente contra essa parcela da população. Para ele, a criminalização da homofobia, reconhecida este mês pelo Supremo Tribunal Federal, mostra que a omissão do legislador não implica ausência de direito. Toni disse que o momento é de continuar com as reivindicações e evitar retrocessos.
“Não vamos nos deitar em berço esplêndido. Queremos continuar vivos e felizes. Não voltaremos para o armário. Armário é prisão. Temos de assumir a vida e ser felizes”, discursou. Ele também fez alusão à disputa com grupos religiosos que se opõem à garantia de direitos igualitários para gays, lésbicas e transexuais. “Os policiais pediram desculpas por aquele dia. Esperamos que os fundamentalistas que nos perseguem e semeiam o ódio nos peçam perdão por tudo o que têm feito contra nós e o Brasil”, cobrou Toni, que é casado há quase 30 anos com um professor inglês. Os dois adotaram três crianças.
Representante do Ministério Público Federal na sessão, a procuradora Deborah Duprat ressaltou que a luta pelo reconhecimento de direitos humanos é gradual e que é preciso comemorar cada avanço e saber dar o passo seguinte. “Não é possível uma sociedade violentar corpos porque eles existem”, disse Deborah, ao destacar a criminalização da homofobia. “A luta que nos une é contra a dominação, a manifestação de ser e existir das pessoas”, emendou.
Autora do primeiro projeto de lei contra a homofobia apresentado na Câmara, a ex-deputada Iara Bernardi (PT-SP) lembrou do preconceito que ela e outras parlamentares que abraçaram a causa enfrentaram. “Diziam que nós queríamos destruir famílias. Nós não destruímos, nós construímos famílias brasileiras”, disse a hoje vereadora em Sorocaba. Segundo ela, apesar das dificuldades que sua geração enfrentou, os desafios políticos hoje são ainda maiores por causa do posicionamento ideológico conservador do atual Congresso e do governo Bolsonaro.
Protestos políticos
A arquiteta Monica Benício, viúva de Marielle Franco, recebeu a homenagem em nome da ex-vereadora. Ela destacou o elevado número de mortes provocadas por ódio de gênero no país e defendeu que haja unidade no movimento feminista. “Nem todo feminismo liberta e acolhe. Não acredito em feminismo que deixa corpos pelo caminho”, discursou. Monica lembrou que esteve pela primeira vez na Câmara dias após a morte da companheira, em março do ano passado. De lá pra cá, os responsáveis pelo assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes ainda não foram identificados. “Quinze meses sem que o Estado brasileiro responda: quem mandou matar Marielle Franco?”
A pergunta foi repetida, logo em seguida, por Lurian Lula da Silva, filha do ex-presidente Lula. “E onde está o Queiroz?”, acrescentou a jornalista, referindo-se a Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. O petista, preso em Curitiba há mais de um ano, foi uma das personalidades homenageadas por militantes após consulta pública.
A filha do ex-presidente ressaltou que seu pai foi responsável pela realização da 1ª Conferência Nacional LGBT, em 2008, e que também sempre sentiu na pele, a exemplo de homossexuais, lésbicas e trans, o que é ser tratado com preconceito pela sociedade. “O mundo dá voltas. O cerco está se fechando contra nossos algozes”, afirmou, em referência às suspeitas de conluio entre a força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, por meio de conversas de aplicativos vazadas à imprensa. Lurian encerrou sua fala puxando em coro a frase “Lula livre”, fazendo o gesto característico com o dedo indicador e o polegar.
O grito também foi entoado pela deputada Erika Kokay (PT-DF), responsável pela realização da sessão, ao lado de David Miranda. Segundo Erika, a homenagem foi marcada pela plasticidade e pela beleza, pela defesa do direito de amar a qualquer pessoa, e também por um recado claro: “Ninguém volta para a senzala, para o manicômio, para o armário. Stonewall está em nossa luta e caminhar”.
Homenagear a viadagem…, só no Brasil mesmo…, não é normal homem com homem e mulher com mulher e ponto final…, quem discordar da minha posição que se dane…, se isso for homofobia, que seja, não estou nem aí.
Não compactuo com isso, esses canalhas da câmara dos deputados homenageiam corruptos que roubaram o contribuinte e também defensores de bandidos…, aliás, os maiores bandidos da nação brasileira estão lá na Câmara dos deputados e no Senado eleitos por ignorantes que sequer sabem soletrar o nome…, essas homenagens feitas por esses corruptos é sem valor.
Onde estão os comentários, ninguém concorda mas ficam calados. Eu não sou contra os Gays, cada um faz o que quer da sua vida, agora eu não concordo da união de um homem com outro homem ou de uma mulher com outra mulher. Eu só penso na humanidade, já pensou se todos os homens da terra resolverem casar com outro homem ou todas as mulher resolverem casar com outra mulher, o ser humano vai sumir da face da terra, simples porque uma mulher não consegue engravidar outra mulher e um homem não consegue engravidar um outro homem pelo seu órgão excretor. Como já falei o ser humano irá desaparecer da face da terra.
Por que todos os homens resolveriam casar com outros homens e todas as mulheres com outras mulheres? Você casaria com outro homem? Que motivo teria pra casar, se não fosse gay?