Assim como fez com os gastos específicos com divulgação, o Congresso em Foco também analisou os dados do Radar do Congresso sobre o uso total de cada parlamentar do cotão.
No caso dos deputados, a verba se chama Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap) e pode ser gasta com 19 tipos de rubrica. No caso do Senado, a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar dos Senadores (Ceaps) é dividida em cinco opções.
Apesar da divisão diferente, nas duas Casas o dinheiro usado no cotão pode ser gasto com áreas semelhantes como passagens aéreas, manutenção do escritório do parlamentar, hospedagens, publicidade e alimentação.
Além da pandemia do novo coronavírus, 2020 também foi um ano atípico por conta das eleições municipais, quando muitos parlamentares viajam mais para fazer campanha. Veja a seguir quem são os parlamentares que mais gastaram a verba em 2020 e, na sequência, leia o que eles dizem sobre as despesas.
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Campeão de gastos do cotão, o deputado Jesus Sérgio (PDT-AC) afirmou ao Congresso em Foco que a pandemia tornou 2020 um ano atípico que exigiu muito mais atuação dos parlamentares do que em anos anteriores.
O deputado cita estar em seu primeiro mandato e ter sido eleito por um partido ainda com pequena participação no Acre e que, por isso, aproveitou o período para percorrer as 22 cidades do estado e localidades da zona rural.
“A todo esse trabalho era necessário dar publicidade, como é direito dos eleitores e dever que me impõe a lei. Minhas despesas com a divulgação do mandato cresceram em 2020. Entre elas, a alimentação das redes sociais, o uso de ferramentas de impulsionamentos para fazer chegar a todo o Estado, a produção e veiculação de material de divulgação como cards, busdoor e outdoor, bem como as despesas com combustíveis e transporte aéreo, dado que temos quatro municípios no Acre sem ligação rodoviária, onde se chega apenas de barco (com muitos dias de viagem) ou por avião fretado”, afirmou.
O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) também citou as particularidades de acesso ao seu estado, o Amazonas. “Meu estado é complexo mesmo, faço mandato com presença nos municípios e divulgando nosso trabalho parlamentar. No Amazonas temos o diferencial dessas particularidades”, disse.
Os deputados Jéssica Sales (MDB-AC) e João Maia(PL-RN)não se manifestaram sobre os gastos até o momento.
Senado
Senador por Rondônia, Marcos Rogério (DEM) avaliou que os gastos condizem com a atuação parlamentar e estão relacionados ao seu volume de trabalho e à distância entre seu estado e Brasília.
“Qualquer avaliação justa quanto ao gasto de verba parlamentar, especialmente com deslocamento, deve considerar que o custo das passagens aéreas para a Região Norte é superior ao de outros estados e que no próprio Estado os deslocamentos são mais difíceis e custosos. Isso pode ser considerado também em relação aos meios de divulgação da atividade parlamentar, que é diferente de grandes centros, onde há concentração populacional, além de oferta e uso mais intenso de internet”, afirmou.
O senador justificou também que, por ocupar presidir a Comissão de Infraestrutura (CI) e ser vice-líder do governo, precisa fazer mais deslocamentos, o que gera gastos. Além disso, afirma, a pandemia exigiu que estivesse presencialmente em Brasília para uma série de negociações e sessões.
Os senadores Acir Gurgacz(PDT-RO), Ciro Nogueira (PP-PI) e Jaques Wagner (PT-BA) não comentaram as despesas com a cota parlamentar até o momento.