Maioria na sociedade, minoria no Congresso, as mulheres são as grandes vencedoras do Prêmio Congresso em Foco 2019, na avaliação do júri especializado. O corpo de jurados escolheu Tabata Amaral (PDT-SP) como a melhor deputada do ano e Simone Tebet (MDB-MS) como a melhor senadora, esta pelo segundo ano consecutivo. Com trajetórias de vida distintas, as duas são conhecidas no Parlamento por não fugirem do enfrentamento político, inclusive dentro de seus partidos, terem posições firmes e seguras e militarem na defesa da educação.
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A escolha das melhores parlamentares pelo júri foi o ponto mais alto de uma cerimônia que contou com dezenas de deputados e senadores e um público formado por cerca de 400 pessoas. Foram premiados também os melhores congressistas, conforme votação da internet e de jornalistas que cobrem o Congresso, e os que mais se destacaram em três áreas temáticas. O suspense só acabou quando a jornalista Cristina Serra, mestre de cerimônia, anunciou e chamou ao palco do Porto Vittoria Espaço de Eventos os premiados.
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Os principais vencedores na votação da internet foram Major Olimpio (PSL-SP), no Senado, e Carla Zambelli (PSL-SP), na Câmara. Entre os jornalistas, os preferidos foram o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) e o senador Paulo Paim (PT-RS). Os três primeiros colocados foram agraciados com troféus. Os demais premiados receberam certificados.
A homenagem foi estendida ainda aos parlamentares que mais se destacaram em três categorias especiais: “Clima & Sustentabilidade”, promovida pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), “Apoio ao Empreendedorismo” e “Valorização dos Bancos Públicos”, apoiada pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb). Cinco nomes foram agraciados em cada uma dessas categorias.
Aos 25 anos, Tabata exerce os seus primeiros meses de deputada. Em seu discurso de agradecimento, a jovem deputada exaltou “”a todos os nossos jovens, em especial as meninas, e a toda população que não se vê nas vagas de vestibular e emprego”.
Publicidade“Me comprometo pelo resto de nossa vida para que a gente tenha mais mulheres jovens e periféricos no Congresso”, discursou a deputada.
Bicampeã na votação do júri, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet, defendeu a convivência harmônica entre os divergentes. Ela também ressaltou a importância da política nas grandes questões nacionais. “O Brasil tem pressa, tem fome, tem desemprego. Mas, acima de tudo, o país ainda tem esperança na sua classe política”, enfatizou.
O Brasil é um dos países com menos mulheres no Parlamento. Neste momento exercem o mandato apenas 12 senadoras (entre os 81 integrantes do Senado) e 76 deputadas (entre os 513). Além de Simone, Tabata e Carla, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também levou o primeiro lugar, pelo apoio ao empreendedorismo, na votação da internet. Outras parlamentares, como Luiz Erundina (Psol-SP) – única a participar de todas as 12 edições do prêmio – também foram agraciadas.
Da Vila Missionária a Harvard
Uma das principais lideranças jovens do país,Tabata é um caso raro dentro do Congresso. Filha de um cobrador de ônibus e de uma bordadeira e diarista, ela deixou a Vila Missionária, na periferia de São Paulo, para cursar astrofísica e ciência política na Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo. De volta ao Brasil, ajudou a fundar o Movimento Acredito, grupo político suprapartidário que prega a renovação das práticas políticas, e o Mapa Educação, iniciativa voltada para a melhoria da educação.
Um dos momentos mais marcantes de Tabata neste começo de mandato foi quando questionou duramente o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. O vídeo da audiência pública ganhou as redes sociais e o noticiário político. A deputada o chamou de incapaz e sugeriu que ele, diante da falta de projetos, pedisse demissão: “Mude de atitude ou saia do cargo”. Dias depois Vélez foi demitido.
A deputada também desafiou o PDT e o ex-candidato a presidente Ciro Gomes, sua principal liderança atualmente, ao votar a favor da reforma da Previdência. Por causa disso, foi suspensa das atividades partidárias, ao lado de outros sete pedetistas.
Aprovada em outras oito universidades americanas, além de Harvard, Tabata se graduou com honras máximas e recebeu o Prêmio Kenneth Maxwell em estudos brasileiros e o Prêmio Eric Firth para o melhor ensaio sobre o tema de ideais democráticos por sua tese.
Na política desde o berço
Aos 49 anos, Simone Tebet herdou do pai, o ex-presidente do Senado Ramez Tebet (MDB-MS), falecido em 2006, o gosto pela política. Uma das principais vozes do Senado, a senadora está em seu quinto ano de mandato. Com bom trânsito entre governistas e oposicionistas, a sul-mato-grossense é conhecida pelo seu poder de articulação política. Em fevereiro, foi o fiel da balança na eleição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A senadora enfrentou os caciques do próprio partido, como Renan Calheiros (MDB-AL), Jader Barbalho (MDB-PA) e Fernando Bezerra (MDB-PE), para concorrer como candidata da legenda na disputa pelo comando da Casa. Derrotada por Renan, escolhido pelos colegas como o nome da bancada, Simone lançou candidatura avulsa.
Chegou como uma das favoritas à eleição, mas renunciou na última hora em favor de Alcolumbre, para quem seus votos migraram. No comando da CCJ, a emedebista ditou o ritmo da reforma da Previdência e articulou acordos que resultaram na elaboração de uma versão paralela, que reúne as principais alterações feitas pelo relator, Tasso Jereissati (PSDB-CE), impedindo assim que o texto principal volte à Câmara, o que retardaria a promulgação da emenda constitucional.
Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Simone é especialista em Ciência do Direito, mestre em Direito do Estado e doutoranda em Direito Constitucional. Foi professora universitária, prefeita de Três Lagoas, sua cidade natal, deputada estadual e vice-governadora, antes de chegar ao Senado, em fevereiro de 2015.
Por que premiar político
O Prêmio Congresso em Foco tem como finalidade distinguir os melhores parlamentares do Parlamento e estimular a sociedade a acompanhar seus representantes de modo ativo, assim como a participar plenamente da vida política.
A iniciativa, que chegou este ano à sua 12ª edição, pretende reconhecer o trabalho dos deputados federais e senadores que se destacam positivamente no exercício do mandato, valorizar os bons exemplos e, ao mesmo tempo, sinalizar ao eleitorado que melhorar a qualidade da nossa representação política é possível.
O prêmio busca reconhecer o trabalho dos deputados federais e senadores que se destacam positivamente no exercício do mandato, valorizar os bons exemplos e, ao mesmo tempo, sinalizar ao eleitorado que melhorar a qualidade da nossa representação política é possível. A mensagem é clara: defender a democracia, por meio da valorização de uma de suas principais instituições – o Poder Legislativo.
Quem apoiou:
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