Nova onda de calor na Europa, queimadas em série no Brasil e inundações no Nordeste estão interligadas e têm a marca da destruição do governo federal.
O dramático verão europeu e as fortes chuvas no início do ano no nosso país são fenômenos climáticos que estão interligados pela degradação ambiental em todos os continentes. Infelizmente, a marca brasileira está presente neste apocalipse climático que o mundo vive, constrangendo a todos os cidadãos conscientes, mas que envergonham a Nação aos olhos do mundo.
É que o fenômeno que assusta os europeus agora com ondas de calor superiores a 40º C, matando centenas de pessoas e devastando as florestas no Sul da Europa — Espanha e Portugal, principalmente — são fruto da destruição das nossas florestas, que estão provocando mudanças climáticas rapidamente, constituindo o que a ONU está chamando de “suicídio coletivo”.
Isso tem a ver com as queimadas e destruição da Amazônia também, e não apenas pelo uso desenfreado de combustíveis fósseis pelas nações — como os negacionistas agora até admitem. A destruição ambiental como política de Estado é uma inovação do atual governo brasileiro. Não há precedentes na história para uma ofensiva tão brutal como a que assistimos.
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O desmatamento durante o primeiro semestre de 2022 bateu todos os recordes. Imagens de satélite tiradas entre janeiro e junho mostram 4.000 quilômetros quadrados de floresta destruída. É mais do que o registrado em qualquer período de seis meses nos sete anos de manutenção de registros sob a metodologia atual.
A mídia internacional alardeou o feito do governo brasileiro e mostrou o tamanho do estrago. Destruiu-se uma área na floresta tropical equivalente a quatro vezes o tamanho da cidade de Nova York. Isso aconteceu em uma velocidade assustadora, porque o nível de destruição tomou apenas 6 meses. Mas o que torna a estatística mais notável é que o corte da floresta ocorreu durante a estação chuvosa. Historicamente, o desmatamento é maior a partir de agosto, quando é mais fácil acessar áreas remotas por estradas não pavimentadas da região amazônica.
PublicidadeDiante deste resultado, podemos esperar por dias piores para todos. O desmonte dos instrumentos do Estado brasileiro — órgãos de fiscalização e controle como Ibama e ICMBio — tem ocorrido desde 2019, com cortes sucessivos, ano após ano, nos orçamentos públicos dessas instituições.
Em janeiro, o governo promoveu um corte de R$ 35 milhões no Ministério do Meio Ambiente. A maior parte, nos cofres do Ibama. Mais da metade refere-se às ações de prevenção e controle de incêndios florestais em áreas federais prioritárias, que tiveram uma redução de quase R$ 17,2 milhões.
Uma das tarefas urgentes do novo Congresso que sairá das urnas a partir de outubro é reforçar a política ambiental, reforçando os órgãos de fiscalização com mais recursos, e retomar o processo de regularização fundiária, a fim de organizar o uso das terras no Brasil.
Ou fazemos isso, ou estaremos mergulhando rapidamente no cenário catastrófico, com queimadas ferozes e descontroladas na Amazônia e a derrubada de mais florestas. Isso terá um efeito devastador para o futuro de nossos filhos e netos. Será o nosso crime contra a humanidade.
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