Pasárgada é uma cidade que ficou imortalizada no título de um poema escrito por Manuel Bandeira que foi publicado no livro Libertinagem de 1930, o poema apresenta uma cidade ideal como solução para os problemas do autor.
Uma espécie de refúgio, um local maravilhoso – que só existe na imaginação do poeta – onde só há espaço para os prazeres da vida. É isso que o Brasil se tornou… Para os criminosos!
Nunca na história desse país assistimos a tantos espetáculos grotescos de ódio, violência, delinquência e barbaridades vindos do governo federal, cocaína em avião presidencial, relações promíscuas entre milicianos e poderosos federais e todo tipo de delinquência.
Um contraste gritante com um mesmo Brasil que num passado não muito distante, ficou perplexo com a execução do jornalista Tim Lopes e que hoje vê constantemente seus jornalistas serem ameaçados e ofendidos com estímulo do presidente da República.
É irônico, mas não surpreendente que um grupo que chegou ao poder sob o discurso de moralidade e endurecimento penal, tenha promovido um verdadeiro libera geral da delinquência.
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Mudanças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro facilitaram o acesso e dificultaram o rastreamento de armas usadas não só por traficantes, mas também por assaltantes de banco que hoje tocam o terror no interior do país.
Um levantamento do jornal O Globo, mostrou que existem processos em que Caçadores, Atiradores e Colecionadores foram acusados ou condenados por fazerem parte de organizações criminosas que agem ao redor do país. A proliferação dos CACs promovida pelo governo, permite que pessoas usem acesso a material bélico para fortalecer organizações criminosas.
Em março de 2020, o traficante de armas, Alex Maicon Silva da Leve, foi um dos 19 alvos da Operação Gun Express, da Polícia Federal (PF), que desbaratou uma quadrilha que fornecia armas e acessórios do Paraguai para traficantes, milicianos e ladrões de banco.
O traficante poderia ter a pena aumentada em até 50% por tráfico internacional. Mas não foi o que aconteceu. A flexibilização criada por Bolsonaro beneficiou o traficante. Sendo assim, ele pegou pena leve, ou seja, metade do que seria previsto antes da posse de Jair Bolsonaro.
Em 2020 Bolsonaro também desmontou a rastreabilidade de munições ao derrubar duas portarias do exército (61 COLOG e 46 COLOG) que dificultavam o desvio de munições e explosivos vendidos para forças de segurança no país.
E o que dizer de Sergio Moro, que enquanto Ministro da Justiça, ficou marcado por não ter colocado o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega na lista de criminosos mais procurados?
O miliciano era ligado ao gabinete de Flávio Bolsonaro onde teve duas parentes nomeadas no antigo gabinete do senador, sua mãe e sua ex-mulher.
Ele também foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro em discurso na Câmara dos Deputados, em 2005, quando foi condenado por um homicídio. E enquanto estava em prisão preventiva pelo crime, foi condecorado por Flávio com a Medalha Tiradentes. A família possuí uma história de quase 20 anos com as milícias no país.
E quando Bolsonaro tentou acabar uma zona de proteção ambiental em uma região de atuação de milicias facilitando a pesca? Atividade explorada pelos criminosos da região.
E ainda temos a MP da aviação civil, a cereja do bolo criminoso assado! Reflexo do espírito que tomou conta do Brasil dos últimos anos.
Além permitir a gratuidade das bagagens de até 23kg, ela também acaba com a necessidade de autorização da ANAC para a construção de aeródromos no país e para a criação de escolas de aviação.
O que isso significa? Que traficantes, garimpeiros ilegais, madeireiros criminosos e milicianos não precisarão ter as suas pistas destruídas pela Polícia Federal em eventuais operações.
Para completar o ciclo de delinquência, temos um decreto que institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mapa) que indiretamente estimula o garimpo ilegal segundo ambientalistas.
E no meio disso temos o desaparecimento de Dom Phillips, colaborador do jornal inglês The Guardian, e do indigenista Bruno Pereira, que é servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Bruno Pereira foi exonerado pelo governo Bolsonaro, ele atuava na coordenação de povos isolados da FUNAI, exoneração que, segundo ambientalistas, foi realizada para atender a pedidos de grileiros, de missionários evangélicos e de garimpeiros que invadem terras indígenas ainda na gestão do ex-ministro Sergio Moro.
Bruno se licenciou da Funai para fazer o trabalho que o governo não lhe deixava fazer.
Segundo o site Amazonia Real, ambos foram vítimas de uma emboscada feita por traficantes da região. Não é segredo para ninguém que criminosos passaram a explorar o garimpo ilegal no norte do país, proporcionando uma nova fonte de renda para facções criminosas.
Os mesmos criminosos que são beneficiados pelas inúmeras medidas envolvendo armas e seu controle, pelo Programa de Desenvolvimento da Mineração Artesanal e pela MP da aviação civil e com o libera geral dos aeroportos clandestinos.
Para piorar, uma nota do Comando Militar da Amazônia (CMA) mostrou que a instituição militar “lavou as mãos” em relação ao desaparecimento de Dom e Bruno além repassarem a responsabilidade pela inércia da corporação para presidente Jair Bolsonaro.
Comando Militar da Amazônia afirmou que estava em ‘condições de cumprir missão’, mas aguardava ‘acionamento por parte do Escalão Superior’.
Nota que gerou revolta não apenas nas redes sociais, mas também ao redor do mundo e terminou com a exército anunciando que iria iniciar as buscas nessa terça-feira (7). A ajuda do exército brasileiro deixa estridente a má vontade da instituição que enviou apenas alguns poucos veículos aquáticos e soldados, como foi apontado pelo jornalista Tom Phillips (clique aqui).
Já Bolsonaro, esquivou-se e disse apenas que a dupla fez uma aventura não recomendada e que poderiam estar mortos, em um tom frio e distante, digno de um presidente afeito às agressões contra jornalistas e indígenas.
Ou seja, o crime compensa e é constantemente agraciado pelo governo.
Um desparecimento que ocorre no mês em que lamentamos o 20º aniversário da morte do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes do Rio de Janeiro em um Brasil onde o poder paralelo combatido pelo jornalista, acabou se tornando o poder oficial.
Entre os bandidos e criminosos desse país, certamente existem aqueles que são amigos do rei, para estes, o Brasil que o bolsonarismo apresenta está no poema “Vou-me embora pra Pasárgada” ;
Aos cidadãos comuns, aqueles que não compactuam com crimes e que muitas vezes são vítimas de criminosos, resta apenas o Brasil apresentado na paródia do eterno Millôr, chamada de “Que Manuel Bandeira me perdoe, mas VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA”.
“(…)
Aqui eu não sou feliz
A existência é tão dura
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha,
Ainda é mais coerente
Do que os donos do país.
(…)”
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