O cotidiano de vários brasileiros, nesse momento, é de fome, desemprego ou baixa perspectiva de mobilidade social. 74% das crianças de 2 a 9 anos atendidas nos serviços de Atenção Básica têm menos de 3 refeições por dia. A inflação já atinge 12,13% no acumulado em 12 meses, reduzindo a renda dos brasileiros. Desde o ano passado, muito se fala de candidatos e alianças partidárias, principalmente na mídia. Faltam 4 meses para as eleições, mas o debate sobre as soluções para os problemas que vivemos acabam ficando de lado.
A polarização tem empobrecido o debate público. Enquanto grupos na sociedade brigam por candidatos, perdemos a oportunidade de ouvir dessas (e de outras) lideranças políticas a respeito das suas propostas para o país. Esse quadro reflete a baixa qualidade dos nossos partidos, cujo foco é conseguir uma porção cada vez maior do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral. Não há incentivos para os partidos desenvolverem propostas para sanar os problemas da maior parte da população. Em lugar do debate sério, prolifera o marketing vazio de candidatos-celebridade.
Sem partidos com identidade programática, o sistema político se configura de maneira altamente fisiológica e fragmentada. Esse cenário acaba facilitando a atuação de grupos de pressão, que capturam nacos do orçamento público em benefício de seu interesse particular ou de benefícios duvidosos para seus nichos eleitorais, como temos assistido com o Orçamento Secreto. Sem qualquer mecanismo de freio a esses grupos, o resultado final é um setor público cuja atuação termina repleta de distorções nas políticas econômicas e tributárias.
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Nesse ambiente, a sociedade civil precisa e tem se organizado para pautar o debate público nos problemas que vivemos e nas possíveis soluções. Com esse espírito, o Livres publicou um Caderno de Políticas com 100 propostas Nacionais e Estaduais para suprir candidatos e fomentar o debate público com propostas modernas e liberais com preocupação social. No documento, o Livres trata de pontos essenciais no que diz respeito à preservação das instituições, inclusão social, geração de emprego, passando por educação e sustentabilidade.
Vale dizer que o Livres não está sozinho nessa empreitada. Recentemente, houve a publicação de três livros que tratam de políticas públicas e agenda para o Brasil. São eles: “Reconstrução: o Brasil nos anos 20”, organizado pelo Felipe Salto, Laura Karpuska e João Villaverde; “Nós do Brasil: Nossa herança e nossas escolhas”, escrito pela Zeina Latif e “Para não esquecer: políticas públicas que empobrecem o Brasil”, organizado pelo Marcos Mendes. Isto é, há insumos dos mais diversos para os gestores públicos e vozes influentes que quiserem sair da polarização estéril e adotar uma postura ativa no enriquecimento do debate público, promovendo ideias para solucionar as diversas faces da crise que vivemos hoje. Mãos à obra.
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