Jogo é jogado, lambari é pescado. O processo de impeachment entra em sua reta final. Hoje será votado na Comissão Processante o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO). O voto do relator acolhe os argumentos da denúncia apresentada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal e recomenda o impedimento da presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade originado na transgressão das Leis do Orçamento e da Responsabilidade Fiscal e da própria Constituição. Na próxima sexta, dia 15, iniciaremos no Plenário da Câmara a discussão e votação do relatório da Comissão e a decisão deve vir à tona no domingo, 17 de abril. Se conquistarmos 342 votos, o processo será instalado e enviado ao Senado, que em curto espaço de tempo se pronunciará.
O Brasil está literalmente parado. A economia, no fundo do poço. O desemprego assombra a vida dos trabalhadores. As famílias vêm sua renda encolher. Prefeituras e Estados, estrangulados. A indústria brasileira escorre pelo ralo. As finanças públicas apontam para preocupante nível de déficit e endividamento. O nível de investimento no chão. A imagem do Brasil encontra-se abalada. A credibilidade do governo anda entre o taco e o carpete. A popularidade de Dilma é a menor da história. A Lava Jato desnudou a corrupção endêmica. Abusos de poder servem para a obstrução da Justiça.
A expectativa é enorme. Sobram motivos para o afastamento da presidente. A sociedade estará de olho na Câmara dos Deputados.
O clima político no Congresso Nacional e na sociedade é o pior possível. Os espaços de diálogo se estreitam cada vez mais. A intolerância cresce e carrega de nuvens negras o horizonte. Não haverá solução sem sequelas. O governo e o PT desencadearam uma vergonhosa operação de cooptação. Cargos e verbas são oferecidos, na bacia das almas, em troca de votos contra o impeachment. A dignidade para o PT já foi atirada às favas: educação, saúde, estatais colocadas abertamente no balcão das negociações mais torpes. Dizem que outras ações fora dos holofotes são ainda menos republicanas, impublicáveis. As piores práticas descobertas no “mensalão” e ampliadas no “petrolão” podem estar inspirando gestos desesperados em nome da manutenção de um poder decrépito. A não aprovação do impeachment será uma tragédia. Dilma não tem mais a menor condição de liderar o país. Se aprovarmos, teremos pelo menos uma chance.
Imaginem se Dilma perder de 300 votos a 150 contra e 63 ausências, mas o impeachment não passar. Como já tão combalida, governará após um voto de desconfiança do parlamento dessa dimensão? Como recuperará a credibilidade hoje inexistente quando a fatura devida ao clientelismo e ao oportunismo tiver que ser paga? E o desalinhamento completo da base parlamentar? Como produzir avanços sem o apoio dos aliados perdidos?
O Brasil definitivamente não merece esse triste destino. A sociedade precisa se manifestar.
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