Na última terça-feira (9), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou recurso de integrantes da Operação Lava Jato que pretendiam barrar o acesso do ex-presidente Lula às mensagens que trocavam sobre suas ações, com a participação do juiz do caso, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro.
Desde a primeira notícia sobre essas mensagens, objeto de meticulosa série de reportagens do site noticioso The Intercept Brasil, foram desmascaradas a promiscuidade instalada entre agentes públicos, o conluio entre acusadores e julgador — uma afronta ao direito de qualquer cidadão a um julgamento justo, o deboche e a prepotência de servidores que deveriam zelar pelo interesse público.
A chacota final, justamente quando a defunta Lava Jato caminhava para seu sepultamento, foi tentar impedir que a vítima da patuscada — o ex-presidente Lula — pudesse tomar conhecimento de como agiam seus caçadores.
A decisão da 2ª Turma do STF, reafirmando o direito de acesso da defesa de Lula—que já estava amparado por liminar—é muito importante para o ex-presidente. Mas é muito mais benéfica para o Judiciário e o Ministério Público, enxovalhados pelo conluio e merecedores, pelo bem do Estado de Direito, de uma reflexão e resgate de seus papéis constitucionais.
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Ainda esta semana, a Lava Jato foi objeto de dura e correta análise publicada pelo jornal norte-americano The New York Times, ao qual não há lucidez que permita acusar de “comunista”. Na edição em espanhol do NYT, sob o título “El desairado fin de Lava Jato” — “O humilhante fim da Lava Jato” — o diretor executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (OPALC) do Instituto de Estudos Políticos de Paris Gaspard Estrada, resume com muita precisão o que foi o macabro folguedo de Moro, Dallagnol e companhia: “Se vendia como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história”.
PublicidadeOs gemidos antipetistas das poucas carpideiras que ainda se dispõem a acompanhar o féretro da Lava Jato não abafam uma verdade brutal: o imolado não foi Lula, foi o Brasil. É verdade, o melhor presidente que esta país já teve vem sendo atormentado por ilações, difamações, condenações sem provas. Passou 580 dias preso sem culpa. Foi impedido de disputar uma eleição presidencial na qual era favorito.
Mas que falta faz ao Brasil não ter hoje um presidente capaz, comprometido, solidário, humano e atento às necessidades da maioria da população.
O prejuízo, porém, é infinitamente maior e, certamente, vai nos cobrar algumas gerações para ser revertido. Um cálculo equilibrado aponta que o Brasil perdeu algo como R$ 100 bilhões em investimentos na esteira da Lava Jato — que adotou o impatriótico método de perseguir empresas e não dirigentes corruptos dessas empresas.
Nesse turbilhão foram tragados milhões de empregos na área de petróleo, construção civil, construção naval, infraestrutura, tecnologia de ponta—como o projeto do submarino nuclear brasileiro. Notem bem: empregos qualificados, bem pagos, com carteira assinada e direitos.
Se a ideia da turma da Lava Jato era contribuir para fazer do Brasil um depósito de mão de obra precarizada e barata, parabéns para ela. Missão cumprida.
É urgente abrir a caixa preta da Lava Jato, desvendar as relações espúrias com interesses internacionais e recolocar os pingos em cada i dessa razia.
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