Há alguns dias, distraidamente, resolvi fazer uma pesquisa nos meus arquivos sobre o uso indevido dos telefones de emergência da polícia pelo planeta afora. Os resultados me chocaram.
Vamos começar pelo Reino Unido, onde, em plena noite de Natal, uma distinta senhora de Londres telefonou para o número de emergência a fim de ser informada se o Papa e a Rainha Elizabeth estavam bem. Naquela mesma noite, na cidade de South Yorkshire, um preocupado cavalheiro indagou do operador do sistema a quantas andava a distribuição de presentes por Papai Noel. Ainda naquele país, em Manchester, um consumidor desesperado solicitou ajuda para receber uma cama que havia adquirido há alguns dias.
Nos Emirados Árabes Unidos as linhas de emergências tem feito a alegria das crianças: em apenas dois dias foram 137 ligações solicitando recomendações de atividades para as férias.
A “falta do que fazer” não é um problema exclusivo das crianças do Oriente Médio – atinge também os marmanjos dos Estados Unidos da América. Que o diga um cidadão da Florida que em apenas três dias telefonou mais de 200 vezes para os serviços de emergência, sempre dizendo que estava bem e não precisava de assistência. Ainda na Florida, acreditem, um cidadão solicitou à polícia que prendesse sua própria mãe, acusando-a de ter tomado todo o seu estoque de cervejas!
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Também vem dos Estados Unidos o caso da desesperada mulher solteira que ligou cinco vezes pedindo assistência policial para encontrar um marido. Na Louisiana uma curiosa telespectadora decidiu ligar para ver se descobria o que havia ocorrido no último capítulo de uma novela local. No Tennessee um indignado marido implorou aos policiais que o ajudassem a proibir a esposa de beber cerveja. Na California uma senhora faminta pediu simplesmente uma pizza, e um senhor a indicação de um bom restaurante. E, coroando o desfile de absurdos, um morador de Maryland telefonou comunicando que sua plantação de maconha estava pegando fogo.
No civilizado Japão uma senhora lá de Tóquio avisou os policiais que viajaria no dia seguinte, solicitando que um deles fosse destacado para alimentar seu cachorro, que ficaria no quintal. Uma outra, de Kouchi, dizendo que havia esquecido uma caixa de isopor na praia, solicitou à polícia que enviasse uma viatura para recolhê-la e entregá-la em sua casa. Em Gifu uma senhora desembarcou do trem e, reclamando da chuva, solicitou uma viatura para apanhá-la na estação e levá-la em casa. E vem de Kyoto a curiosa saga de um jovem apaixonado que decidiu pedir aos policiais que ajudassem sua ex-namorada a reatar com ele.
PublicidadeEm Aachen, na Alemanha, uma respeitável senhora denunciou às autoridades que o marido não queria mais manter relações sexuais com ela. Na Nova Zelândia o problema foi um vestido rasgado – parece incrível, mas pediu-se ajuda para repará-lo a tempo de uma festa. Também vem de lá o caso do pacato cidadão que telefonou para denunciar que em seu quintal dois passarinhos estavam brigando, assim como o de uma mulher indecisa pedindo conselhos sobre uma proposta de casamento que havia recebido. E, avacalhação suprema, o de um lúcido senhor comunicando que havia uma vaca em sua caixa de correios.
Diante de todos esses casos, protagonizados por pessoas que estão pelas ruas convivendo conosco, fico a pensar que a grande emergência da Humanidade talvez seja a loucura de algumas pessoas normais.