Recentemente, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei que autoriza a privatização da Sabesp. Como vereadora, votei a favor desse projeto porque acredito em seu potencial para mudar vidas. O governo estadual propôs a privatização com metas claras: fornecer saneamento básico universal para a população, priorizando as comunidades vulneráveis, e reduzir as tarifas para os consumidores.
A reação ao meu apoio ao projeto foi rápida e severa. Um agressor, em um e-mail ameaçador e covarde, referiu-se a mim de forma depreciativa e me intimidou a abandonar a política, ameaçando a mim e meus familiares indicando que sabia onde vivíamos. Também incluiu ofensas antissemitas e zombou da minha alopecia areata, condição que me faz não ter cabelos. Nas redes sociais, as ofensas persistem, com chacotas direcionadas à minha aparência e minha ideologia política. Como mulher experiente, não me deixo abalar facilmente, mas não deixa de ser difícil, afinal, estou fazendo meu trabalho representando os mais de 18 mil paulistanos que confiaram seus votos em mim. Em vez de me intimidar, essa ameaça reforçou a importância de continuar defendendo pautas que acredito serem necessárias.
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A resistência ao projeto da Sabesp me faz lembrar outra privatização significativa na história do Brasil: a Telebrás. Na década de 1990, o custo de uma simples linha telefônica era de 1000 dólares, o equivalente a oito salários mínimos. Era tão caro que as poucas pessoas que tinham esse privilégio declaravam a linha no Imposto de Renda e a incluíam em seus testamentos. Paralelamente, menos de 5% dos brasileiros tinham um celular. A privatização da Telebrás transformou por completo esse cenário, tornando os serviços de telefonia mais baratos e acessíveis. Hoje, o Brasil tem a 32ª internet móvel mais barata do mundo, e não é raro encontrar planos acessíveis de telefonia com ligações ilimitadas. Na época, houve uma série de protestos contra a privatização sob o coro: “Privatizar a Telebrás é calar o Brasil.” Hoje, mal conseguimos nos imaginar sem esse meio de comunicação.
A privatização da Telebrás não foi um caso isolado. Vários exemplos, como a melhoria dos serviços de água e esgoto em Niterói após a privatização, demonstram os benefícios que podem surgir da abertura de mercado. Na década de 1990, 120 mil dos 450 mil habitantes de Niterói não tinham acesso à água. Com a privatização, o serviço foi universalizado, e a cidade hoje tem o 6º melhor saneamento básico do Brasil.
A privatização da Sabesp segue essa lógica. Com R$ 10 bilhões adicionais ao orçamento já previsto de R$ 56 bilhões até 2033, haverá um aumento significativo nos investimentos, modernizando a infraestrutura atual, expandindo o atendimento e levando saneamento a áreas vulneráveis. Essa iniciativa deve beneficiar 600 mil paulistanos, assegurando o acesso universal ao saneamento até 2029 sem aumentar tarifas. Levando em consideração que cerca de 33 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 92 milhões estão sem coleta de esgoto, o que corresponde a 44,2% da população, a universalização dos serviços de água e esgoto até 2029, como previsto pela privatização da Sabesp, pode ser um salto qualitativo para o estado de São Paulo.
Quando decidi ingressar na política, sabia que o ambiente seria hostil. Mas esse é o caminho que escolhi e vou respondendo às críticas com dados e evidências. Mesmo diante das ameaças, sigo firme porque essa privatização representa mais do que um simples projeto de mudança na estrutura de gestão. Ela simboliza uma chance de universalizar serviços básicos que em pleno 2024 não são acessíveis para todos. Convido os críticos a olharem para esse projeto não como uma simples mudança de gestão, mas como uma iniciativa que trará dignidade a muita gente.
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