Nesta semana por ocasião do lançamento do Guia de Melhores Práticas do Irelgov, participei de um debate bastante interessante que compartilho agora nesta coluna.
Uma observação interessante, mesmo que ainda sem a robustez e o rigor de uma metodologia científica, vem da análise do interesse pelo termo lobby. Como se comportou o interesse das pessoas por lobby nos últimos anos?
Na série histórica podemos observar alguns picos de interesse sobre o tema. Esse comportamento levanta ainda outros questionamentos sobre que fatos motivaram essas oscilações. Falarei sobre isso mais à frente.
A partir dessa análise um exercício curioso foi comparar o interesse pelo termo Lobby com o interesse pelo tema termo corrupção.
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Plotando no mesmo gráfico as linhas que representam os dois interesses ao longo do tempo podemos perceber que em diversos momentos o interesse ao termo corrupção esteve associado ao interesse pelo termo lobby. Isso é dizer que, em diversos momentos, quando as pessoas estavam falando sobre lobby estavam falando sobre corrupção. Contudo, com apenas esse exercício ainda não é possível identificar com propriedade se a correlação entre os termos é positiva ou negativa.
Outra análise bastante interessante é comparar o interesse pelo termo lobby com o interesse por outros dois termos que, a meu ver, estão ou deveriam estar muito mais associados ao lobby: democracia e políticas públicas.
Pelo gráfico percebemos que o interesse pelo termo democracia se comporta de maneira muito similar com o interesse pelo tema corrupção. Também podemos verificar que o interesse pelo termo lobby e o interesse por políticas públicas seguem uma relação inversa em muitos momentos. Em outras palavras, muitas das vezes quando estão falando de lobby não estão falando de políticas públicas.
Mas voltemos à questão anterior. Nos momentos de pico do interesse pelo lobby que fatos estavam sendo noticiados? As manchetes abaixo apontam os principais fatos relacionados ao lobby que foram noticiados nos respectivos períodos.
Com exceção da notícia relacionada ao Papa Francisco e o lobby gay, que se comporta como um ponto fora da curva, todas as demais manchetes tratam ou de condutas reprováveis ou de regulamentação. Mal-feito – regulamentação, mal-feito regulamentação, mal-feito regulamentação. Essa narrativa me preocupa.
Por muito tempo deixou-se (façamos o mea culpa) usar o termo lobby como sinônimo de corrupção. E por muito tempo deixou-se usar o termo lobista quando se queria dizer operador de propina. Hoje nós lobistas precisamos repensar o enquadramento e a reputação de nossa atividade.
É urgente dissociar por completo o termo lobby de corrupção e de práticas não republicanas. Carecemos de ações positivas capazes de reposicionar o lobby dentro do interesse e do debate relacionados a democracia e a políticas públicas. Precisamos ressignificar nossa atividade.