Guerras são parte inexorável da história humana. Pelo menos na história até aqui na qual somos governados por homens em um sistema patriarcal. Destroem prédios, escolas, maternidades. Destroem vidas, famílias, sonhos. Guerras são cruéis e despertam o pior nas pessoas. A guerra afeta todas as pessoas, mas é sempre mais cruel com mulheres e crianças. O senhor da guerra não gosta de mulheres.
Guerras também trazem oportunidades. Ainda assim, é preciso dizer que todas as guerras devem ser repudiadas. É uma vergonha a posição brasileira de suposta neutralidade no ataque da Rússia contra a Ucrânia. Deveríamos seguir a posição da maioria dos brasileiros, de repudiar de todas as formas o conflito. Preocupa pensar o que motiva tamanha condescendência do presidente da República e dos seus seguidores, lembrando a recente viagem à Rússia e o poder digital de influenciar eleições que o kremlin já provou ter.
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Mas qual oportunidade a guerra da Ucrânia traz? A chance que poderia dar ao Brasil o protagonismo, a partir de nossas forças como País na liderança de uma economia livre de carbono, livre da dependência de combustíveis fósseis, de ditaduras e autocratas.
A atual guerra provoca escassez de trigo, de fertilizantes e de gás, colocando pressão inflacionária nestes itens no mundo inteiro. Inclusive, já abasteceu o carro?
Aqui temos dois caminhos: continuar investindo para conseguir suprimentos a partir da mesma lógica, pagando preços mais caros, reiterando a lógica extrativista e ficando de novo atrás na corrida mundial. Podemos, por exemplo, seguir interferindo na Petrobrás e permitir a extração de mineral em terras indígenas e o desmatamento, ou fazer diferente.
Existe a oportunidade dada por hiatos na história do que os economistas chamam de ‘pulo do sapo’ que traz uma possibilidade de acelerar o desenvolvimento de forma significativa, que demoraria muito mais se as coisas ficassem como estão. Esta é a chance que temos para investir em energia renovável em larga escala, de biocombustíveis a energia solar e eólica.
É a oportunidade para o nosso agronegócio tomar a frente em uma transição para uma produção com menos agrotóxicos e fertilizantes e mais tecnologias verdes. Também ampliar a sua participação na alimentação global e incluir nesta cadeia pequenos e médios produtores.
É a oportunidade que temos para investir na bioeconomia que só o Brasil tem. E de regularmos e avançarmos nos mercados de carbono, já que a Europa que estava tomando a frente tem menos disponibilidade no momento.
Dinheiro tem, e muito. Os mercados externos estão abertos para investir em uma economia de transição. A oportunidade é agora. Só falta um governo inteligente e visionário. Na verdade, só um governo minimamente competente já seria o suficiente para não perdermos esta chance. Não é o caso.
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