Estudo baseado em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que 66,2% dos R$ 2,5 bilhões de fundo eleitoral liberados até o dia 3 de setembro estão concentrados nas mãos de candidatos brancos, tanto homens quanto mulheres. Apenas o grupo de homens autodeclarados brancos já acumula R$ 1,3 bilhão do chamado fundão.
Pros, DC, PSDB e PT foram os partidos que mais destinaram recursos para candidatos com este perfil. Em contrapartida, UP, Psol e PSTU apresentam o maior percentual de recursos distribuídos entre os negros.
Os dados são de um levantamento do Instituto Millenium, que também verificou que quase 100% dos recursos para presidente são direcionados a pessoas brancas. Enquanto isso, para governador, a mediana destinada a candidatos brancos está em R$ 2,4 milhões. No oposto, para candidatos negros, esse valor é de R$ 213,3 mil, ou 11 vezes menos.
Veja quanto candidatos autodeclarados branco e do gênero masculino receberam até o momento por cargo:
- Deputado distrital: R$ 4,7 milhões
- Deputado estadual: R$ 186,5 milhões
- Deputado federal: R$ 746,8 milhões
- Governador: R$ 234,3 milhões
- Presidente: R$ 83,9 milhões
- Senador: R$ 95 milhões
“A gente sempre escuta o argumento de que o fundão serve para tornar as eleições mais democráticas, porque sem ele só os homens brancos, ricos e influentes teriam condições de viabilizar suas campanhas. E aí, quando vamos olhar quem são os grandes beneficiados pelo fundão, são justamente os homens brancos, ricos e influentes. Então, o argumento não se sustenta”, comentou Milla Maia, CEO do Instituto Millenium.
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Com base nos dados do TSE, o instituto indicou, ainda, que a maioria dos candidatos não dispõe de recursos para a campanha. Até o momento, apenas 41% dos candidatos aptos receberam algum repasse do Fundo Eleitoral e destes, um pequeno grupo concentra as maiores fatias. Em números, somente 3,4% dos candidatos brasileiros foram beneficiados 90,7% – o que equivale a R$ 2.5 bilhões – dos recursos do Fundão.
O levantamento também observou diferença entre os valores destinados aos veteranos e aos novatos. Para candidatos à reeleição de deputado federal, a mediana é de R$ 1,3 milhão, enquanto o dedicado aos que não são candidatos à reeleição é 14 vezes menos, isto é, R$ 90 mil.
A dinâmica de valor também se repete na disputa a outros cargos. Para deputado estadual, essa relação é de R$ 200 mil liberados para candidatos à reeleição, contra R$ 30 mil liberados para não candidatos à reeleição. Já entre postulantes ao Senado, essa proporção é de R$ 3 milhões para R$ 950 mil.
Salienta-se que aqueles que disputam reeleição representam apenas 4,7% (1.315) do total de candidaturas. Apesar disso, já acessaram 29,4% do fundo, ou seja, R$ 917 milhões de reais, até o momento. Para eles, a média de verba recebida é de R$ 858 mil reais, enquanto a média de recursos para os não candidatos à reeleição é de R$ 184 mil reais (4,6 vezes menos). Os números relacionados aos candidatos que disputam a reeleição do TSE não levam em consideração políticos que estão concorrendo este ano e que ficaram afastados nas eleições passadas.
Na análise de distribuição por partido, o Pros é o que concentra maior volume de recursos em candidatos à reeleição, com mediana de R$ 3 milhões. Já o PMB, UP, DC e PSTU não destinaram recursos para candidatos à reeleição esse ano. O Partido Novo não foi contabilizado porque não utiliza recursos do Fundo Eleitoral em suas campanhas.
Até a finalização da pesquisa, o PT foi o partido que mais contratou despesas. Vistas tanto as fontes de receitas públicas, quanto privadas, o partido contratou 18% das transações até agora, tendo destinado 39,9% das contratações para cargo de deputado federal, 21,8% para governador, 21,1% para deputado estadual e distrital, 11,4% para presidente e 5,8% e para senador.
Confira aqui a íntegra do estudo.