Neste mês dedicado às mulheres, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis) lançou um guia muito útil para ajudar os homens a rever atitudes machistas, sobretudo no ambiente de trabalho. A versão digital do livro, com 64 páginas, está disponível gratuitamente na Amazon.
O título deixa claro o objetivo do trabalho – Como não ser um babaca: guia prático para homens que cansaram de ser machistas no trabalho e na vida. Escrito por Marcela Studardt e ilustrada por Natália Carneiro, a obra teve a colaboração de Cleide de Oliveira Lemos e Viviana Santiago, do excelente site AzMina.
Elisa Bruna, diretora de comunicação do Sindilegis, diz que “a obra é extremamente necessária no contexto atual, em que as mulheres continuam a ser vítimas de comportamentos e comentários machistas simplesmente pelo fato de serem mulheres”.
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Como não ser um babaca enfrenta um tipo de machismo que não entra nas estatísticas e do qual muitos homens ainda são incapazes de dar conta. O guia surgiu a partir de relatos de violências cometidas contra mulheres e da análise de situações constrangedoras do cotidiano, ainda que não sejam socialmente percebidas.
A frase “são fáceis porque são pobres”, que ganhou recentemente visibilidade no áudio do deputado Arthur do Val, está entre os conteúdos tóxicos apontados pelo livro. Ele e tantas outras não podem ser usadas em nenhuma hipótese, ensinam as autoras.
Veja outros exemplos de frases machistas registradas no livro:
“Bom mesmo era antigamente…”
A frase remete a uma situação de grande opressão de gênero, que não deveria dar saudade a ninguém. O Código Civil de 1916, por exemplo, era recheado de absurdos, como a determinação de que “a mulher só tem direito à pensão dos filhos se for inocente e pobre”.
“Ih! Tá de TPM…”
A tensão pré-menstrual é uma realidade e pode provocar alterações de humor, acontece que essa é só uma desculpa para diminuir e desvalorizar as emoções e reações das mulheres.
“Passe perfume para a reunião, hein!”
As mulheres são cobradas para estarem atraentes, como se a sua capacidade de argumentação valesse menos do que o poder de sedução, ou como se uma coisa tivesse a ver com a outra.
“Ela é mais macho que muito homem”
Mulher não precisa deixar de ser mulher para ser bem-sucedida. Caso você ainda não saiba, características como coragem, determinação e força não são exclusivamente masculinas.
“Incrível! Você mesma quem fez?”
A afirmação, apesar de enaltecer o trabalho da mulher, revela uma enorme descrença em seu potencial. É como dizer: “Está bom demais para ter vindo de uma mulher. Será possível?”.
“Vai pegar mal não ter uma mulher no time”
Não deveria ser esse o motivo para incluir mulheres na equipe. Que bom que a sociedade está problematizando a ausência feminina, mas é preciso entender a importância disso.
(Com Cynhtia Araújo)