A eleição de Recife ganhou novo ingrediente na semana que antecede o segundo turno entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT). Preterido pelo partido no lançamento de sua candidatura à prefeitura, o deputado Túlio Gadelha (PDT-PE) contrariou a orientação do PDT para apoiar o filho do ex-governador Eduardo Campos (falecido em 2014) e anunciou apoio à petista. Túlio foi ao Twitter para acusar o PSB de procurar seu chefe de gabinete para tentar comprar o seu silêncio, ou seja, que não declarasse apoio a qualquer dos candidatos. Citado, o chefe de gabinete de Túlio, Rafael Bezerra, recorreu minutos depois à mesma rede social para contestar a declaração do pedetista e anunciar que estava consternado e pedia sua exoneração do cargo.
Meu chefe de gabinete foi procurado pela coordenação da campanha do PSB no Recife. Disse que eles estavam querendo “negociar o meu silêncio” nesse segundo turno. Dá pra acreditar?! Me senti testemunha de um crime. Crime mesmo foi o que eles fizeram nesses últimos anos no Recife.
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— Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) November 22, 2020
Rafael Bezerra afirmou que recebia a declaração do chefe com “grande consternação e tristeza” e negou que tenha sido procurado. “Ainda que os elementos da comunicação estejam suscetíveis a ruídos, afirmar algo que nunca aconteceu fere o que poderia se considerar contornável mesmo dentro do que conhecemos como ‘jogo político'”, declarou. Rafael acrescentou que a publicação do deputado foi “uma tentativa de exposição quase vil”. Ele disse que continuará no PDT. “Não me posicionar seria não responder aos meus colegas de Gabinete, colegas de Ministério Público, companheiros do Partido, meus familiares e aos meus pares de uma vida inteira de luta”.
Gostaria de registrar, como Chefe de Gabinete do Deputado Federal @tuliogadelha, que li o seu mais recente Twitter com grande consternação e tristeza.
— Rafael Bezerra 🇧🇷🌹 (@RafaelBezerrade) November 23, 2020
Túlio ficou irritado no fim de semana com a visita feita por Ciro Gomes e pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, à capital pernambucana nesse domingo (22) para reforçar o apoio a João Campos, cuja candidata a vice é Isabella de Roldão, também do partido. Em discurso nesse domingo, Lupi mandou um recado ao deputado, embora não tenha citado seu nome: “Quem for do PDT e não estiver com esta chapa não tem mais o que fazer no PDT”.
Por meio de nota, o deputado disse que “é comum pessoas voltarem atrás no que dizem diante de pressão”.
“Na vida como na política, é comum pessoas voltarem atrás no que dizem diante de pressão. Isso não estremece o nosso mandato, o qual temos construído coletivamente e que foi avaliado como o melhor do Nordeste por dois anos consecutivos. Seguimos firmes e convictos que a transparência e o diálogo sempre serão nossas principais ferramentas. Temos mais dois anos de construção ouvindo as pessoas e colocando as dores do povo recifense e pernambucano como prioridade. Porque do lado de cá não falta coragem e vontade de trabalhar”, disse o deputado.