Pré-candidato à Câmara dos Deputados e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, do Psol, defendeu a reaproximação do eleitorado evangélico à esquerda. Segundo ele, para as eleições deste ano, é necessário romper o “preconceito mútuo”.
“É preciso acabar com esse preconceito mútuo entre evangélicos e esquerda. Houve, de fato, uma quebra de pontes, mas essas pontes precisam ser reconstruídas”, afirmou ao Congresso em Foco.
Veja:
Na última pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto DataFolha, no primeiro turno, entre os entrevistados que se dizem evangélicos, 39% declararam intenção de voto em Bolsonaro e 36%, em Lula. De acordo com a pesquisa, os evangélicos compõem 27% do eleitorado religioso brasileiro.
“Quando alguém vai num posto de saúde buscar atendimento, quando uma vai buscar vaga na creche pro seu filho, ninguém pergunta se ela é evangélica, se ela é católica, se ela é umbandista. As pessoas sofrem os mesmos problemas. O objetivo da política e de uma eleição presidencial é tratar de solução para esse problemas. Os evangélicos estão nas periferias e sofrem também com desemprego, fome, inflação, e toda essa tragédia do governo Bolsonaro”, avaliou Boulos.
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No último sábado, Guilherme Boulos se lançou pré-candidato a deputado federal por São Paulo. Antes, o coordenador nacional do MTST seria candidato ao governo de São Paulo, mas desistiu da disputa por conta da aliança nacional do seu partido com o PT, que lançará Fernando Haddad.
Em acordo com a sigla petista, os partidos também negociaram que o PT apoie a candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo em 2024, o que já foi confirmado pelo ex-presidente Lula.
Filiado ao Psol, Boulos será presidente da federação entre seu partido e a Rede Sustentabilidade para as eleições de outubro. Uma vez federados, os partidos devem permanecer unidos por pelo menos quatro anos. A federação Rede-Psol também tende a apoiar a candidatura do ex-presidente.
Os partidos também devem se unir ao PT e declarar apoio ao nome de Lula à presidência.
Unidade da esquerda
Boulos defende ainda uma união da esquerda para fortalecer o cenário eleitoral deste ano em prol da derrota de Jair Bolsonaro. Segundo ele, as diferenças devem ser colocadas de lado para que Lula seja eleito.
“Para que a gente possa derrotar Bolsonaro e se livrar dessa praga que fez tanto mal ao povo brasileiro, e continua fazendo, nós vamos precisar ter unidade. E ter a percepção de que, apesar de todas as diferenças no campo progressista na esquerda, hoje elas são menores do que a nossa convergência para derrotar Bolsonaro e eleger o Lula”, justificou.
Veja:
Geraldo Alckmin
Ao Congresso em Foco, o líder do MTST afirmou que estará em campanha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar da aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB). Guilherme sempre foi crítico ao PSDB, antigo partido de Alckmin.
“Eu sou do estado de São Paulo, sou professor, dei aula em escola pública durante o governo Alckmin. Em todos os governos do PSDB, os professores e os servidores públicos foram destratados, incluindo no governo Alckmin. Agora, o que está em jogo esse ano não é simplesmente uma eleição e sim, uma encruzilhada entre a democracia barbárie do Brasil”, disse.
Segundo ele, o ex-tucano não é motivo para não apoiar Lula. “Mesmo tendo minhas críticas ao Alckmin, não é isso que vai me impedir, ou vai nem vai impedir o PSOL, ou MTST de estar ao lado do Lula para que a gente possa tirar o Bolsonaro da Presidência da República”.
O nome do ex-governador paulista foi aprovado no em 13 de abril pelo diretório do Partido dos Trabalhadores (PT). Quadro histórico do PSDB, Geraldo Alckmin se filiou ao PSB para compor chapa como o candidato a vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições deste ano.
A escolha de Alckmin para a chapa faz parte de uma estratégia para que Lula consiga buscar votos de eleitores mais identificados com o centro.