A plataforma Sympla, utilizada pelo diretório nacional do PL para realizar a distribuição dos ingressos para a convenção nacional do partido, negou ter fornecido os códigos de protocolo de internet (IP) dos internautas que participaram da campanha de boicote ao evento, na última quarta-feira. A afirmação da empresa contraria a declaração do partido sobre as providências legais à campanha.
De acordo com a empresa, nem o PL e nem qualquer outro organizador de evento possui acesso ao IP dos usuários cadastrados na plataforma. “Reforçamos que para a Sympla o tratamento de dados de forma transparente, ética, segura e responsável são valores inegociáveis, razão pela qual está comprometida com a integral conformidade à legislação vigente, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados, Marco Civil da Internet e seus Termos de Uso”, acrescentam.
A nota enviada pela empresa ao Congresso em Foco contradiz o que foi informado pelo PL, que anunciou a abertura de representação legal no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra os participantes do boicote. Em nota, o partido disse ter armazenado os endereços de IP dos cadastrados, enquanto a empresa afirma que as únicas informações enviadas para a legenda foram os dados enviados pelos próprios usuários ao se cadastrar.
O endereço IP é um código rastreável atrelado à rede de internet de cada endereço. A partir dele, é possível identificar a localização do usuário que acessou determinado site, e suas interações. Com o seu registro, usuários que tenham se cadastrado com informações falsas em uma plataforma podem ser localizados. Comumente ele é utilizado pela Polícia Federal e demais agências de segurança como ponto de partida em investigações digitais.
De acordo com o PL, tanto o endereço IP quanto os demais dados dos usuários que boicotaram a convenção foram encaminhados ao TSE. O objetivo do boicote era fazer com que opositores retirassem os ingressos, distribuídos gratuitamente, antes dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, cuja candidatura será confirmada na convenção. Com isso, o número de participantes ficaria limitado, esvaziando o evento. O ato busca replicar uma campanha semelhante realizada contra o ex-presidente estadunidense Donald Trump durante as eleições de 2020.